Manaus terá 80% de coleta e tratamento de esgoto até 2030, afirma Aegea

O quadro atual do abastecimento de água e esgotamento sanitário ainda é um problema crônico para alguns bairros da capital amazonense. Manaus figura na quinta posição do ranking de piores locais de coleta de esgoto, apresentando números abaixo da média nacional, de acordo com o levantamento divulgado pelo Instituto Trata Brasil, em 2017. A cobertura de água corresponde a 98% e a de rede de esgoto, apenas 19,2%, segundo a Manaus Ambiental. Recentemente, a Aegea Saneamento e Participações S.A, assumiu a responsabilidade pela operacionalização dos sistemas. Hoje, a empresa atende cerca de 7,6 milhões de habitantes em 11 estados do Brasil.

Toneladas de lixo nos igarapés da cidade é apenas um dos desafios para a Aegea, que possui sucesso em seu serviço prestado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de internação por doenças diarreicas no município, que em 2003 era de 157,3% a cada 100 mil habitantes, caiu para 13,7% em 2015, uma redução de 91%.

Saneamento e Saúde

Saneamento básico continua sendo um fator essencial para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, saúde, sobretudo nas crianças, reduzindo índices da mortalidade infantil, além da preservação dos recursos hídricos em geral.

Foto: Leon Furtado/Rede Amazônica

No Brasil, o uso desses recursos para atender essas necessidades é um direito fundamental assegurado pela Lei n 11.4445/2007. Entre as obrigações estão o conjunto dos serviços de infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo dos resíduos sólidos, além da drenagem das águas pluviais urbanas.

O Portal Amazônia esteve em Campo Grande (MS), onde a Aegea administra a ‘Águas Guariroba’, concessionária no município. Hoje a capital está entre as melhores do país em indicadores de saneamento e, em alguns deles, já atingiu as metas de universalização do saneamento básico, previstas para 2033.

A diretora-presidente da Águas Guariroba, Lucilaine Medeiros, aponta que as diversas tecnologias utilizadas são aliadas para o alcance desse índice. “Existem dois itens no saneamento que acredito ser os mais importantes. Um deles é o índice de redução de perdas de água, onde Campo Grande (MS) conta com 19% no índice de perdas. O investimento nisso é muito importante. Hoje nós temos diversas tecnologias para alcançá-lo. Outro ponto é a universalização do saneamento básico. Campo Grande conta com 80% de coleta de esgoto e 100% de tratamento”, explicou.

Educação e sensibilização ambiental

Os reflexos não são apenas por conta do investimento em maquinários. Segundo Willian Carvalho, coordenador de projetos sociais da Aegea, os trabalhos de sensibilização também são essenciais para manter a qualidade do ciclo da água. A Educação socioambiental é discutida amplamente até nas creches da cidade. “É muito importante levar o conhecimento para os lares. Isso tem acontecido. Uma das formas mais fáceis de tornar isso efetivo é através das crianças. O primeiro contato é sempre uma palestra, onde explicamos o projeto Saúde nota 10, lançando posteriormente um concurso de frases, desenhos e redação”, explicou.

Foto: Leon Furtado/Divulgação

Programa ‘Afluentes’ deverá ser introduzido em Manaus

O coordenador de projetos sociais ainda contou que, em Manaus, será lançado um projeto chamado “Afluentes”, que visa estreitar parcerias com líderes comunitários da localidade. “Cada bairro tem o seu líder. Nós já estamos cadastrando esses líderes e vamos reunir com eles para explicar como é que funciona o programa. O setor social da empresa ficará à disposição desses líderes comunitários. Se o líder encontrar um vazamento no bairro, por exemplo, é obrigação da empresa resolver. Mas ela não está em todos os lugares. Então, o líder verificando aquilo, a empresa dará prioridade para o atendimento ao líder. Isso tem funcionado muito bem aqui”, explicou.

Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)

As estações de tratamento de Esgoto são as grandes aliadas para a saúde da população local. A coordenadora de esgotamento sanitário de Campo Grande (MS), Marjuli Morishigue, comentou que a estrutura, das duas principais estações de tratamento do município, possuem uma tecnologia não aplicada em qualquer outra no país.

“Essa em que nós nos encontramos é a ETE Imbirssu. A principal característica dela é a sua eficiência, pois ela possui uma 98% de eficiência, ou seja, todo o esgoto que sai daqui, sai como água para o rio, com uma qualidade ótima. A principal função é essa de recolhermos o esgoto bruto, tratando-o e lançando novamente ao meio ambiente sem causar danos, além das contribuições com a saúde pública”.

Estação Timbiras

O sistema de esgotamento sanitário operado atualmente pela Manaus Ambiental possui uma extensão de 478 km de redes coletoras associadas a 60 estações de tratamento de esgoto e 51 elevatórias, subdividindo-se em dois sistemas: um que abrange o centro da cidade e partes dos bairros Educandos, Morro da Liberdade, Santa Luzia e adjacências, que é chamado de sistema integrado, e outro formado por vários sistemas isolados dispostos ao longo de toda a cidade, como é o caso de vários conjuntos habitacionais, residenciais que possuem o serviço operado pela concessionária.

Foto: Leon Furtado/Rede Amazônica

De acordo com informações da concessionária, os investimentos para universalização deste serviço serão R$ 2,2 bilhões em 30 anos, com a construção de nove grandes complexos de estações de tratamento de esgoto. A meta da Manaus Ambiental é ampliar para 80% a cobertura de esgoto (coleta e tratamento) até 2030.

Mais de 100 mil usuários de conjuntos e comunidades da zona norte de Manaus são beneficiados com a Estação de Tratamento de Esgoto ‘Timbiras’, localizada entre os bairros Flores e Cidade Nova. A ETE foi ampliada e duplicou sua capacidade de tratamento de 110 litros por segundo para 220 litros.

Em nota a concessionária Manaus Ambiental afirma que a Aegea Saneamento investirá, nos próximos cinco anos, R$ 880 milhões na ampliação dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto da capital amazonense, com a meta de levar, até 2030, 80% do esgoto coletado e tratado.

* O repórter viajou a convite da empresa Aegea.

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