Coen falou sobre questões importantes da realidade local, como a imigração dos venezuelanos. Para ela, mesmo que a ocupação gere indignação, o Brasil precisa estar preparado para receber essas pessoas em condições dignas e inseri-las no mercado de trabalho. Ela diz ter conhecimento de grupos religiosos e não religiosos que atuam voluntariamente na acolhida dos refugiados, mas que a ajuda poderia ser maior por parte dos governantes.
“Como o Brasil, enquanto país, pode acolher essas pessoas? Vimos a questão da imigração acontecendo no mundo todo, e que chega para nós pela Venezuela, como criamos causas e condições para recebê-los com dignidade? Não significa que a cidade em que eles chegarem irão ficar. Precisamos de uma coordenação nacional para que haja a inserção deles no mercado de trabalho, que tenham casa, alimentação”, disse.
Outro assunto abordado por ela, inerente à Amazônia, foi a questão do desmatamento. A monja explica que antes de mais nada, precisamos refletir sobre forma descontrolada que o homem interfere na natureza. Ela afirma que somente “quando tivermos uma melhor compreensão, de cuidar ao invés de nos aproveitar e tirar vantagem do meio natural, daremos condições para que as beiras dos rios não sejam destruídas”.
Aos amazônidas desesperançosos com a situação econômica atual do Brasil, que tanto impactou em sua vida financeira – principalmente àqueles que foram demitidos do polo industrial – a monja aconselha: “precisamos lembrar que tudo que começa termina, que não há nada fixo e nem permanente, mas que nós somos a transformação que queremos no mundo”. Ela acredita que a verdadeira esperança que precisamos não é a de esperar, mas a de esperançar, continuar construindo um mundo melhor sem querer respostas imediatas.
Sabiamente, ela ainda propõe uma reflexão sobre nossa capacidade de lidar com as adversidades da vida, que deveríamos suportar mais as dificuldades sem desistir, enfrentar tudo com resiliência. Palavra esta cujo significado foi melhor compreendido quando a própria ouviu a explicação de uma amiga cardiologista. “Ela me disse que a resiliência está em nossas hemácias, as células sanguíneas, quando precisam alcançar nossas extremidades, os capilares, elas têm se encolher para cruzar as barreiras, mas depois abrem-se de novo; nós passamos também por esses capilares, apertos que nos fazem resistir e preparar para ciclos de maior expansão”, pontuou.
Sobre sua passagem em Manaus, Coen ressalta que “a palestra será sobre como meditar, como desenvolver a compaixão, o treinamento do perdão, como ensinou Jesus”. O encontro vai proporcionar aos participantes momentos de sabedoria e desenvolvimento de capacidades que permitirão levar tais conhecimentos àqueles que “ainda não despertaram”. Ele será realizado no Novotel Manaus, localizado na Avenida Mandi, Distrito Industrial 1, zona sul, nesta quinta e sexta-feira (13 e 14), a partir das 19h30.
*Com colaboração de Sidney Sousa.