A comunidade viu o número de habitantes saltar de 248 para 836 após os conflitos na Venezuela entre indígenas e homens do Exército, ocorridos no final de fevereiro, conforme informou Aldino Alves, tuxaua de Ta’rau Pau.
Na reunião dessa segunda (18), a presidente da Comissão, deputada Ione Pedroso (SD), afirmou que as lideranças relataram a situação e pediram ajuda. “Vamos tentar uma audiência pública com o presidente da República, Jair Bolsonaro [PSL], com os deputados federais, a Funai [Fundação Nacional do Índio] e com a ONU [Organização das Nações Unidas], para que possamos trazer uma resposta para essa crise no estado.”
“Estamos com 836 indígenas, bastante criança e idosos hipertensos. Estamos tendo dificuldade com a logística e a alimentação, o que tem afetado a nossa comunidade. Com o inverno chegando, a preocupação é como acomodar esses refugiados. Quem puder, ajude-nos levando lona ou telha para cobrir o barracão e acolher os nossos ‘parentes’”, pediu.
Além da infraestrutura precária para receber os indígenas, a maior preocupação dele que a comunidade sofra represálias de grupos paramilitares ligados ao governo de Nicolás Maduro.
Segundo ele, os guardas indígenas territoriais ficam 24 horas vigiando a fronteira. “Temos as polícias Militar, Federal e o próprio Exército, mas como a demanda é grande e não tem condições de dar segurança 24 horas, a maior parte desta segurança é feita pelos índios brasileiros. A cada seis horas o Exército faz o patrulhamento”, explicou.
Também na reunião foi discutida a possibilidade de ser criado um Fundo Internacional de ajuda humanitária para auxiliar o estado. A ideia inicial é que seja gerido pelo Exército, para que vários países possam ajudar a Venezuela e Roraima.
Conflitos
A atitude gerou conflitos internos entre a população e a Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Alguns dos feridos nesses confrontos foram trazidos para Roraima, com permissão de atravessar a fronteira.