O movimento, idealizado pela Igreja de Rieti e pelo Slow Food, reúne pessoas e associações na Itália empenhadas na difusão do pensamento da Encíclica de Francisco através de encontros ou iniciativas práticas. Outros locais no mundo, como é o caso de Brasília/DF, também estão ativando essas comunidades, que inclusive contribuem ao movimento ambientalista pelo ponto de vista da “ecologia integral” e da conexão estreita pelo respeito à Casa Comum e à justiça social.
Na mensagem, o Pontífice começou saudando a organização e os participantes que aceitaram promover o evento “num território devastado pelo terremoto que atingiu a Itália central em agosto de 2016” e fez muitas vítimas. “É um sinal de esperança”, salientou o Papa, pelo evento acontecer em Amatrice para tratar de “desequilíbrios que devastam a nossa Casa Comum”; e “é um sinal de proximidade” aos irmãos que sofreram a tragédia, “os pobres que pagam o maior preço das devastações ambientais”.
A já insustentável situação da Amazônia
Francisco então lembrou do tema enfrentado no ano passado pelo Fórum – “do plástico que sufoca o planeta” – para dar seguimento à reflexão de hoje sobre “a grave e já insustentável situação da Amazônia e dos povos que moram lá”. “Planeta Amazônia” é uma inspiração oriunda do Sínodo dos Bispos de outubro deste ano que irá analisar a realidade amazônica.
“ A situação da Amazônia é um triste paradigma do que está acontecendo em muitas partes do planeta: uma mentalidade cega e destruidora que favorece o lucro à justiça; coloca em evidência a conduta predatória com a qual o homem se relaciona com a natureza. Por favor, não esqueçam que justiça social e ecologia estão profundamente interligadas!”
“Aquilo que está acontecendo na Amazônia terá repercussões em nível planetário, mas prostrou milhares de homens e mulheres roubados do seu território, que se tornaram estrangeiros na própria terra, depauperados da própria cultura e das próprias tradições, quebrando o equilíbrio milenar que unia aqueles povos à sua terra. O homem não pode permanecer um espectador indiferente diante dessa destruição, nem a Igreja deve ficar em silêncio: o grito dos pobres deve ressoar da sua boca, como já indicava São Paulo VI na sua Encíclica Populorum progressio.”
Na mensagem, Francisco também deu a sua indicação, na perspectiva pragmática de favorecer novos estilos de vida, seguindo as orientações da Laudato si’ e através de três palavras: doxologia, eucaristia e ascese.
A doxologia
O Pontífice começou tratando da doxologia ao incentivar uma postura de louvor “diante do bem da criação e, sobretudo, do bem do homem que é o ápice da criação, mas também guardião”. Perante tanta beleza e com olhos de criança, “devemos ser capazes de apreciar a beleza que nos circunda”. Afinal, explicou Francisco: “O louvor é fruto da contemplação, a contemplação e o louvor levam ao respeito, o respeito torna-se quase veneração diante dos bens da criação e do seu Criador”.
A eucaristia
Sobre a postura eucarística perante o mundo, o Papa comentou da importância de identificar o dom que cada um carrega consigo, já que tudo nos é dado gratuitamente. Dessa forma, “não é para ser depredado e ocupado”, mas para ser “compartilhado, um presente a ser dado para que a alegria seja de todos e, portanto, seja maior”.
A ascese
O Papa finalizou a mensagem indicando a terceira palavra: ascese. “Toda forma de respeito nasce de uma atitude ascética, isto é, da capacidade de saber renunciar a algo por um bem maior, por um bem dos outros. A ascese nos ajuda a converter a atitude predatória, sempre à espreita, para assumir a forma de compartilhamento, de relacionamento ecológico, respeitoso e educado”, disse Francisco, ao desejar que as Comunidades Laudato si’ possam ser “a semente de um modo renovado de viver o mundo para lhe dar futuro, para preservar a beleza e a integridade pelo bem de todos os seres vivos”.Papa: Amazônia sofre com mentalidade cega e destruidora que favorece o lucro.