Uma detenta do Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua, foi selecionada para ter uma obra de arte exposta em museus de vários países da Europa. A interna Cristiane Silva da Silva, de 27 anos, participou da 4ª Competição Artística Internacional, promovida pela ONG alemã Art and Prision e.V, que avaliou obras de artes de mulheres, homens e adolescentes de instituições correcionais de todo o mundo.
O tema da competição foi ‘Entre Aqui e Lá’ e teve como objetivo incentivar os reeducandos a refletir sobre suas vidas por meio da arte e usar a imaginação para criar enquanto estão dentro do cárcere. A competição recebeu 371 inscrições de pessoas privadas de liberdade de 23 países, 78 deles da Polônia, 47 do Brasil, 39 da Alemanha, 28 da Suécia e 26 da Letônia.
“Aqui no CRF nós selecionamos cinco detentas que já têm um desenvolvimento melhor no curso de arte e a Cristiane foi a que mais se destacou. Ela levou uns dois meses para concluir a obra e utilizou uma técnica mista, com tinta acrílica sobre tela, além de outros materiais mais simples que temos aqui na unidade, como lápis de cor e tinta para tecido”, explica Valmir de Lima, professor de arte.
De acordo com o edital da competição, as obras incluídas farão parte de uma coleção única de “arte prisional” que será exibida de forma itinerante em toda a Europa. As coleções anteriores foram mostradas, por exemplo, nos Palácios de Justiça de Berlim e Munique, na Alemanha; no Centro Americano de Artes de Paris, na França, e no Museu Nacional de Liechtenstein, em Vaduz, na Suíça. A obra da detenta paraense ficou em 18º lugar entre as 50 que foram selecionadas para a mostra internacional.
“Eu nunca imaginei que um dia teria uma oportunidade de participar de um concurso de nível internacional e muito menos imaginava que minha obra seria selecionada e exposta em museus da Europa. Eu me inspirei na leitura para fazer a minha tela, porque é através dela que eu me sinto livre, é através dela que eu viajo para vários lugares, mesmo estando aqui dentro. Somente os 10 primeiros lugares ganhavam premiação em dinheiro, mas para mim o prêmio maior é o reconhecimento”, disse Cristiane.
Para Carmem Botelho, diretora do CRF, ter uma obra selecionada em uma mostra internacional é uma conquista significativa para o trabalho de reinserção social desenvolvido com as mulheres pelo Governo do Estado. “É a primeira vez que o CRF participa de uma competição em nível internacional e só de termos sido selecionados com uma das cinco obras que foram enviadas já é de grande relevância, pois estávamos concorrendo com países de todo o mundo com tradição nas artes plásticas. Considerando o fato de estarmos participando pela primeira vez e já termos sido selecionados entre as 50 melhores obras do mundo, essa é uma vitória imensurável para todos nós”, finalizou a diretora.
A exposição itinerante “Entre Aqui e Lá” começa no dia 21 de fevereiro de 2018, no Museu Nacional de Liechtenstein, em Vaduz, na Suíça.