Além do documentário, a história de Justina Ferreira poderá ser conhecida em uma exposição virtual, e um livro que está em processo de edição.
“As mãos Beneditas de Justina” um vídeo documentário que conta um pouco da história e contribuição de Justina Ferreira da Silva, será lançado nesta terça-feira (13), às 19h, dia em que a homenageada completa 65 anos de vida. O projeto foi contemplado no Edital Conexão Mestres da Cultura – Marília Beatriz de Figueiredo Leite, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT). O documentário poderá ser assistido no Canal da Secel no Youtube.
A produção audiovisual conta com a participação da comunidade Ribeirão do Mutuca no Quilombo Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento. Lugar este que Justina vive e pertence, como ela mesma diz no documentário. “Aqui eu nasci, aqui eu vivi, aqui eu vou morrer, mas com muita garra, que hoje, estou sendo uma mulher reconhecida, para contar a história para o meu povo. O que eu passei, mas não morri”, frisa.
Muito mais do que a história de vida desta guardiã dos conhecimentos, os produtos culturais narram o grito de resistência da comunidade, diante de todas as tentativas de massacre físico e cultural vivenciados por eles no decorrer dos tempos. Os relatos da própria Justina e dos moradores da comunidade, são um misto de reconhecimento à essa Mestre da Cultura de Mato Grosso, a luta pela terra e sobrevivência dos aprendizados deixados pelos antepassados.
Justina conta tudo que viveu e como procura repassar para os mais novos o conhecimento herdado de seus pais e avós. Para a comunidade, ela é um patrimônio vivo, uma mãe de todos. Ela é referência em tudo o que é feito na comunidade, e da forma mais humilde ensina a todos com a sua sabedoria. “Eu não aprendi a ler. Aprendi a sabedoria. É o amor, o carinho. Não pense você que a roupa é sua felicidade. A sua felicidade está dentro de você”, declara Justina Ferreira.
Exposição virtual
Além do documentário, a história de Justina Ferreira poderá ser conhecida em uma exposição virtual, e um livro que está em processo de edição. A exposição conta com imagens de João Almeida, Téo Miranda e de alguns membros da própria comunidade: Rayane Vitória da Silva, Eduarda Karolyne Ferreira Brito, Eliana Letícia da Silva, Graciele Evangelista da Silva, Wenderson David Ferreira da Silva e Samuel Felipe dos Santos, que foram capacitados durante uma oficina audiovisual realizada durante a execução do projeto.
A curadora da exposição Gilda Portela, conta que a ideia é que a mostra seja transpassada pelo espírito da reciprocidade, solidariedade e pelo trabalho coletivo que enxergamos na vida de Justina, e que manteve viva a comunidade Ribeirão do Mutuca. As fotografias foram feitas e selecionadas neste clima juntamente com os jovens quilombolas expositores e parte da equipe executora do projeto.
“Outro elemento que cabe destaque é que a identidade étnica quilombola deve ir além da resistência cultural. A evocação da cosmogênese das memórias ancestrais seja ressaltada como elemento principal através da temática ‘nossos ancestrais são rainhas e reis’. Vemos nas imagens uma Justina que comanda a cozinha, que embala doce, que é mãe, é avó, que lutou pra permanecer nesse território, mas também descendente de reis e rainhas”, finaliza Gilda.