Cultura recebe investimentos, consolida eventos e ganha novos espaços, em Belém

Música, dança, teatro, literatura e outras manifestações artísticas ganharam destaque no Pará em 2017, ano em que os investimentos na área cultural somaram R$ 121,6 milhões. Recursos que permitiram ao governo do Estado executar ações e fortalecer programas e projetos que garantem o direito à cultura e o acesso à informação e à produção literária regional.

O centenário Theatro da Paz continuou sendo palco de grandes eventos. O XVI Festival de Ópera brindou o público com a encenação “A Voz Humana”, do compositor francês Francis Poulenc. A montagem contou com a participação de 135 artistas, incluindo cantores líricos paraenses, atingindo 1.736 expectadores. Outro destaque foi a ópera “Don Giovanni”, de Wolfgang Amadeus Mozart. A composição dramática contou com a atuação de 140 artistas e levou ao teatro 11.561 pessoas. O Festival de Ópera envolveu 275 artistas nas etapas de produção e apresentação, e encerrou com o tradicional concerto ao ar livre da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP).

Após a apresentação no Festival, a OSTP foi considerada a melhor do Brasil em 2017 pela revista Movimento.com, uma das principais publicações de música erudita do Brasil. O reconhecimento fechou em grande estilo a temporada comemorativa de 20 anos de criação da OSTP.

A orquestra, sob a regência do maestro Miguel Campos Neto, é um exemplo de valorização dos músicos locais. Dos 66 que compõem o grupo, apenas três não são paraenses. “O diferencial da OSTP para outras do mesmo porte e qualidade é que em nenhuma outra se encontra um número tão alto de músicos locais. Se observarmos qualquer Estado que tenha uma orquestra de tamanho ou qualidade igual ou superior a nossa, ela é, com certeza, composta por músicos de outros Estados, e muitas vezes estrangeiros”, destaca o maestro.

“O Pará está em um momento em que não precisa importar músicos para fazer música de qualidade, mas ao mesmo tempo mantém seu importante papel de exportador de profissionais para o resto do Brasil e para o exterior”, acrescenta Miguel Campos Neto.

Foto: Divulgação
Grande parte desses músicos provém de centros de formação de excelência no Pará, entre os quais o Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG). “O Estado paga a formação de músicos e professores de alto nível, alunos para todos os instrumentos. A orquestra é a alma do Theatro da Paz, dá vida a ele, em uma harmoniosa convivência entre arquitetura e memória, o que sonoramente expressa a sua história. Houve a sensibilidade de se investir na cultura, quando eram fortes as temporadas de ópera e o bel canto”, reitera o secretário de Estado de Cultura, Paulo Chaves.

Três décadas de música 

 Ainda no campo musical, 2017 foi um ano especial para o Festival Internacional de Música do Pará (Fimupa), que completou 30 anos se consagrando com um dos maiores eventos do gênero no Estado. A programação da edição comemorativa contou com 50 concertos gratuitos de música erudita e popular, além de 112 aulas de masterclass/oficinas, 10 palestras e três workshops, totalizando 175 eventos, mobilizando 44.250 pessoas nas principais salas de espetáculo e espaços culturais de Belém.
Também fez parte da agenda de eventos culturais o Festival Música das Américas, promovido pelo governo do Estado, por meio da Fundação Carlos Gomes, que colocou Belém como um dos principais centros latino-americanos de estudos e debates sobre o aprimoramento artístico e musical. No último ano, o evento reuniu 2.012 participantes, entre instrumentistas, regentes e músicos convidados, e fortaleceu sua interiorização com a participação de bandas de municípios como Ponta de Pedras, São Caetano de Odivelas e Vigia de Nazaré, além daquelas que atuam em Belém.
O “Parque Musical”, no Teatro Gasômetro, espaço para novas sonoridades e artistas da música local e nacional, também apresentou números positivos, com 1.649 artistas participando dos eventos mensais, que atraíram 21.567 espectadores.


Cultura na Academia

Outros projetos culturais, realizados pelo Núcleo de Arte e Cultura da Universidade do Estado do Pará (Uepa), como o Voluntário de Arte e Cultura e o Sarau da Fila, reuniram em Belém 8.439 pessoas, em ações de promoção e disseminação da cultura na comunidade universitária.

Em 2017 o governo do Estado também atuou, por meio de instituições da área, entre elas a Fundação Carlos Gomes, na qualificação de agentes, artistas, gestores e representantes da comunidade, e na interiorização de oficinas e projetos musicais para incentivar novos talentos.

Letras e artes

Em sua 21ª edição, a Feira Pan-Amazônica do Livro ratificou sua importância como evento cultural e literário do Pará, recebendo um público recorde de 400 mil pessoas, em 10 dias de programação no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Em 2017 a feira homenageou o poeta e jornalista Mário Faustino, tendo como país homenageado A Poesia, e ofereceu ao público uma programação com 294 atrações, com a participação de autores, músicos e debatedores locais e nacionais, além de 109 expositores, que apresentaram o que há de mais atual em seus acervos.

Ao todo, 750 mil títulos foram comercializados, movimentando cerca de R$ 14 milhões, sendo R$ 5,2 milhões do CredLivro, benefício de incentivo à leitura concedido pelo Estado a professores e técnicos da rede estadual de educação. “Os livros vendidos não se resumem a 750 mil leitores. Eles se multiplicam em vários, pois passam a outras mãos e se tornam propagadores de cultura. O legado que fica é esse: a palavra e a história que permanecerão até a próxima feira”, ressalta a diretora de Cultura da Secult, Ana Catarina Brito.

O evento também registrou um número maior de autores locais. Quinze deles divulgaram suas obras em espaços específicos de literatura regional, registrando um aumento de 10% no volume de vendas. O Estande dos Escritores Paraenses terminou a feira com 350 autores cadastrados, 1,4 mil títulos de cinco editoras e 15 mil exemplares colocados à venda.

As atividades da Feira Pan-Amazônica do Livro se estenderam à rede pública de ensino estadual, com a interação de escritores locais e alunos, além de intervenções de teatro e música envolvendo 14 escolas da capital, 35 professores e 300 alunos.

O evento literário chegou a outros municípios, como Santarém, na região oeste, com a 10ª edição do Salão do Livro do Baixo Amazonas, que atraiu 80 mil visitantes, movimentando em torno de R$ 1 milhão.

Outras ações de valorização da literatura promovidas pelo governo estadual também chegaram ao interior, como o projeto Encontro Pará Lê, voltado ao fortalecimento da rede de bibliotecas públicas em 40 cidades das regiões de Integração Araguaia, Carajás, Baixo Amazonas, Marajó, Rio Caeté, Rio Capim e Xingu.

Foto: Divulgação

Preservação da memória

O incentivo à literatura e a preservação da história local motivaram o governo do Estado a revitalizar o Arquivo Público do Pará. O prédio de estilo neoclássico, datado de 1884, foi totalmente restaurado, e hoje conta com uma estrutura adequada para a manutenção do acervo com mais de 4 milhões de documentos, alguns raros, como escrituras, inquéritos e iconografias produzidas a partir do século XVII. A recuperação da construção representa um investimento de R$ 4,2 milhões, oriundos exclusivamente do Tesouro Estadual.

O ambiente mais confortável atraiu estudantes, pesquisadores e a comunidade em geral. Só no mês de dezembro, dois meses após sua inauguração, o Arquivo Público recebeu 126 pesquisadores, e a média de visitação diária passou de quatro para 20 pessoas. No prédio, o público tem acesso a documentos históricos e serviços, como visita guiada, emissão de certidões probatórias, reprodução de documentos e pesquisa em Diário Oficial.

“Essa volta do pesquisador ao nosso espaço revela o quanto o Arquivo Público é importante para a população. A reforma deu vida nova ao espaço, que agora está de fato preparado para exercer uma de suas principais funções com excelência: guardar a memória do povo e também atender o público com mais conforto e eficiência”, garante o diretor do Apep, Leonardo Tori.

Outro avanço é a digitalização de parte dos arquivos. Durante os três anos de reforma no prédio foram escaneadas 120 mil imagens. Para este ano, a meta é digitalizar mais 50 mil documentos.

Obras em andamento

Além do Arquivo Público, o governo também investiu na reforma e revitalização de outros espaços culturais, como o Parque da Residência (R$ 140 mil) e a Fundação Cultural do Pará (FCP), incluindo a Biblioteca Pública Arthur Vianna (R$ 4,8 milhões).

Outras obras estão em andamento, com previsão de entrega para 2018, como o Museu do Estado do Pará (R$ 385 mil), em Belém, e o Espaço Cultural no prédio histórico da antiga Escola Monsenhor Mâncio, em Bragança, onde funcionará uma escola de música e um teatro, com capacidade para 300 pessoas (R$ 11,7 milhões).

Proteção ambiental e lazer

A entrega da primeira etapa da revitalização do Parque Ambiental do Utinga (Peut) também integra o cronograma de obras. O espaço, que deve ser entregue em breve à população, oferecerá múltiplas atividades de preservação ambiental, esporte, lazer e cultural. Com quase 1,4 mil hectares, o Parque é a maior área de conservação com proteção integral na Grande Belém aberta à visitação, e o único do Brasil localizado em perímetro urbano.

Ainda neste ano serão iniciadas as obras da sede administrativa, a construção do mirante do Lago Bolonha, a
reforma do Espaço Milton Monte e o Recanto da Volta – antigo Clube da Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará) – com espaço de contemplação e área de lazer.

“Mesmo diante da crise, mantivemos os investimentos em diversas áreas, e na cultura não seria diferente. Todos estes eventos, obras e demais realizações colocam o nome do Pará em destaque, movimentam a economia e geram emprego e renda nos mais diversos segmentos. E vale ressaltar que todas essas conquistas se devem aos paraenses, que financiam os projetos e qualquer outra ação do Estado por meio de seus impostos”, enfatiza o governador Simão Jatene.
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Entenda o que são as florestas públicas não destinadas

Elas somam uma área do tamanho da Espanha e estocam quase um ano de emissões globais de carbono. No entanto, ficam mais vulneráveis à grilagem e ao desmatamento ilegal.

Leia também

Publicidade