Catálogo de artesanato transforma indígenas em deuses e deusas

Produtos artesanais são, na maioria das vezes, desenvolvidos com o emprego de elementos culturais e a história de comunidades ou povos. Para ilustrar a ideia, o designer paraibano Sérgio Matos, à convite do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), criou o ensaio intitulado ‘Deuses e Deusas Indígenas‘. No catálogo são exibidos artesanatos produzidos por comunidades indígenas em São Gabriel da Cachoeira, Tefé, Barcelos, Benjamin Constant e Manaus, no Amazonas. O resultado foi uma mistura de tradição e sofisticação contemporânea. 

Deusas Indígenas- Cecília, da etnia Tucano. Foto: Sérgio Matos/Reprodução-Instagram

“Recebi o convite do Sebrae Amazonas para produzir o material no projeto Brasil Original. A ideia é resgatar o artesanato local. Por isso a gente vai com muito cuidado nessas comunidades, porque eles tem uma identidade própria e não queremos fazer nada diferente do que eles são”, contou Sérgio ao Portal Amazônia.

Segundo Matos, este trabalho é desenvolvido há dois anos e o design das peças precisa ter uma relação com o local em que os indígenas vivem e sua identidade. “A ideia e os produtos foram desenvolvidas pelo meu estúdio e eu mesmo vou ensinar a produzir as peças. Mas, para chegar a este ponto, primeiro passamos alguns dias nas comunidades conversando, conhecendo o que usam e quais a possibilidades de transformar. Escuto histórias, lendas e daí desenvolvemos o desenho das peças”, explicou.

Ensaio

“Quando pensamos no ensaio, não queríamos imagens caricatas. Então juntamos moda com as características culturais tradicionais”, conta o idealizador das imagens. Ele explica que o Projeto Brasil Original trabalha para desenvolver artesanato que tenha a ver com as comunidades que fazem o produto. “São comunidades, que em sua maioria, só vivem de artesanato mesmo e o Sebrae é o único incentivador”, diz.

Matos comentou ainda que quis fugir da ideia principal de retratação dos indígenas com usos de penas e outros peças mais comuns. “Fizemos mais pensando em divulgar as peças que estão produção, como as tapeçarias, vasos, então foi um ensaio mais voltado para moda, contemporâneo. Queremos mostrar o artesanato de uma forma bonita”, justificou. 

Deusas Indígenas- Margarida, da etnia Tucano Foto: Sérgio Matos/Reprodução-Instagram 

Desta forma, as fotografias foram feitas em locais que lembravam a origem das matérias-primas, como a floresta, à beira do Rio Negro, etc. “Queríamos mostrar os locais do dia a dia deles, onde vão mesmo buscar os materiais”, afirmou. Entre as etnias trabalhadas estão Baniwa, Tukano, Curipaco e  Dessana.

Incentivo

Com o material pronto, é a vez do Sebrae entrar em ação para ensinar a divulgar, precificar e a vender, com a ajuda de redes sociais, da fotografia e outros recursos, segundo Matos. “Eles já trabalham com o Sebrae a bastante tempo, então já tem uma relação de confiança”, destacou. “O melhor é que a gente está desenvolvendo e está dando certo, o mercado quer mais peças”, completou. 

Deuses Indígenas- Alírio, da etnia Baniwa. Foto: Sérgio Matos/Reprodução-Instagram

“A gente percebe que, realmente, o projeto está gerando renda para essas comunidades que vivem do artesanato. Então é muito gratificante ver que esta fazendo sentido para eles e que podem viver disso”, avalia.

Para o designer este é um dos projetos “mais bonitos” que já pode participar: “Trabalho há muitos anos com design, com objetos de decoração, mobiliário e foi uma grande oportunidade de conhecer o universo indígena da Amazônia, que tem muito a oferecer de identidade, material. Tem sido muito bom, estou satisfeitíssimo”. 

Deuses Indígenas- Santiago, da etnia Curipaco. Foto: Sérgio Matos/Reprodução-Instagram

Além do catálogo, as fotos ganharão uma exposião no Rio de Janeiro, no Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, em breve.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade