“Recebi o convite do Sebrae Amazonas para produzir o material no projeto Brasil Original. A ideia é resgatar o artesanato local. Por isso a gente vai com muito cuidado nessas comunidades, porque eles tem uma identidade própria e não queremos fazer nada diferente do que eles são”, contou Sérgio ao Portal Amazônia.
Segundo Matos, este trabalho é desenvolvido há dois anos e o design das peças precisa ter uma relação com o local em que os indígenas vivem e sua identidade. “A ideia e os produtos foram desenvolvidas pelo meu estúdio e eu mesmo vou ensinar a produzir as peças. Mas, para chegar a este ponto, primeiro passamos alguns dias nas comunidades conversando, conhecendo o que usam e quais a possibilidades de transformar. Escuto histórias, lendas e daí desenvolvemos o desenho das peças”, explicou.
Ensaio
“Quando pensamos no ensaio, não queríamos imagens caricatas. Então juntamos moda com as características culturais tradicionais”, conta o idealizador das imagens. Ele explica que o Projeto Brasil Original trabalha para desenvolver artesanato que tenha a ver com as comunidades que fazem o produto. “São comunidades, que em sua maioria, só vivem de artesanato mesmo e o Sebrae é o único incentivador”, diz.
Matos comentou ainda que quis fugir da ideia principal de retratação dos indígenas com usos de penas e outros peças mais comuns. “Fizemos mais pensando em divulgar as peças que estão produção, como as tapeçarias, vasos, então foi um ensaio mais voltado para moda, contemporâneo. Queremos mostrar o artesanato de uma forma bonita”, justificou.
Desta forma, as fotografias foram feitas em locais que lembravam a origem das matérias-primas, como a floresta, à beira do Rio Negro, etc. “Queríamos mostrar os locais do dia a dia deles, onde vão mesmo buscar os materiais”, afirmou. Entre as etnias trabalhadas estão Baniwa, Tukano, Curipaco e Dessana.
Incentivo
Com o material pronto, é a vez do Sebrae entrar em ação para ensinar a divulgar, precificar e a vender, com a ajuda de redes sociais, da fotografia e outros recursos, segundo Matos. “Eles já trabalham com o Sebrae a bastante tempo, então já tem uma relação de confiança”, destacou. “O melhor é que a gente está desenvolvendo e está dando certo, o mercado quer mais peças”, completou.
“A gente percebe que, realmente, o projeto está gerando renda para essas comunidades que vivem do artesanato. Então é muito gratificante ver que esta fazendo sentido para eles e que podem viver disso”, avalia.
Para o designer este é um dos projetos “mais bonitos” que já pode participar: “Trabalho há muitos anos com design, com objetos de decoração, mobiliário e foi uma grande oportunidade de conhecer o universo indígena da Amazônia, que tem muito a oferecer de identidade, material. Tem sido muito bom, estou satisfeitíssimo”.
Além do catálogo, as fotos ganharão uma exposião no Rio de Janeiro, no Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, em breve.