Artista visual leva pinturas inspiradas na Amazônia para escola de Icoaraci, em Belém

And Santos foi convidado pelos professores para orientar os jovens durante o processo da grafitagem, arte escolhida para substituir as pichações das paredes da escola.

As paredes da Escola Estadual Jorge Lopes Raposo, localizada no distrito de Icoaraci, em Belém (PA), ganharam novas cores com o projeto ‘Conexão Amazônica‘, desenvolvido por professores e alunos dos 1º e 2º ano do ensino médio. Da entrada da escola às paredes dos corredores, é possível ver pinturas que trazem diversas temáticas que exaltam a identidade e a cultura do povo amazônida.

Além das pesquisas e atividades desenvolvidas por professores em sala de aula durante o segundo semestre deste ano, o projeto teve um toque especial do artista visual And Santos, convidado pelos professores para orientar os jovens durante o processo da grafitagem, arte escolhida para substituir as pichações das paredes da escola.

“O resultado sempre é excelente quando a gente emprega mais carinho e amor no que a gente faz, e me surpreendeu chegar na escola e identificar pinturas com profundidade e junção de cores, mas além disso, a temática abordada foi fundamental para ter um pouco mais de consciência sobre a nossa floresta, pois quando se fala em Amazônia não é só a flora e a fauna, mas as aspectos sociais, culturais e políticos”,

disse o artista, que participou do encerramento do projeto este mês.

Foto: Reprodução/Seduc PA

Conhecido internacionalmente por seus trabalhos de grafitagem, And Santos interagiu com os alunos, e falou sobre o seu trabalho desde o início de sua carreira em São Caetano de Odivelas, nordeste paraense, e da importância da grafitagem, além de repassar técnicas importantes para os jovens darem início às pinturas, sobre como ampliar os desenhos do papel para as paredes da escola, ele orientou os primeiros traços das pinturas.

No encerramento do projeto, já com a maior parte dos trabalhos finalizados, o artista retornou à escola para deixar a sua marca assinada com os traços do odivelismo: a pintura de um curupira na parede de entrada da escola. Com o apoio de um grupo de alunos do projeto, desenhou o guardião da floresta como se estivesse protegendo alguns ícones da cultura amazônica e paraense: a arara vermelha, a garça, o urubu e o guará.

“Vim aqui deixar o meu recado, uma obra de arte que é fruto de trabalho coletivo, envolvendo os alunos que já têm o domínio com o pincel e os sprays e dar o recado como artista e ativista amazônico. O resultado ficou excelente e isso é muito gratificante. Fiquei muito feliz”,

comentou.

A ideia de pintar o guardião no paredão de entrada da escola foi do estudante Lucas Guimarães, do 1° ano do ensino médio, que desenhou no papel o curupira, porém o trabalho não tinha sido selecionado para representar o desenho de sua turma. “Achei muito bacana porque o And perguntou o que poderíamos pintar no paredão. Sugeri o curupira por ser o guardião da floresta, mas foi uma decisão coletiva e ficamos muito satisfeitos com o resultado do trabalho”.

A estudante do 2° ano do ensino médio, Maria Eduarda Pacheco, também contribuiu no trabalho final, ajudando a pintar a base dos desenhos. “É uma experiência nova que estou tendo em minha vida e isso é muito bom para os alunos”, disse a jovem que também ajudou na pintura do desenho escolhido por sua turma, no paredão da caixa d’água.

De acordo com a professora da disciplina Projeto de Vida, Helioneth Lisboa, o objetivo do projeto foi conscientizar os estudantes a não depredarem o ambiente escolar, evitando pichações, além de “incentivar os jovens a pesquisarem mais sobre a Amazônia, a parir da produção de desenhos em relação ao tema proposto”.

Foto: Reprodução/Seduc PA

O projeto ‘Conexão Amazônia’ foi divido em quatro etapas: pesquisa sobre a temática Amazônia; produção de desenhos em relação ao tema; oficina de grafite com o artista And Santos; e pintura dos desenhos nas paredes da escola. “Todas as etapas foram desenvolvidas em parceria com os professores da escola”.

A diretora Alfonsina de Jesus, avalia a ação de forma muito positiva, principalmente pelo fato dos alunos se mostrarem interessados. “A pintura foi um atrativo e o próprio aluno tentou redimensionar as pixações, ressignificando dessa forma as paredes da escola, resgatando o protagonismo para fazer com que o aluno ame e preserve sua escola. A gente precisa nos perceber como sujeitos amazônicos e nossa cultura precisa ser valorizada”.

A professora de Projeto de Vida, Lorena Rodrigues, comemora o fato de muitos alunos terem se destacado durante a atuação do projeto, que para ela foi além das expectativas. “Os alunos tiveram uma autonomia boa na execução dos projetos, se organizaram e executaram seus trabalhos e estávamos na retaguarda dando orientação para que extraíssem o melhor possível das habilidades que tinham e, com isso, descobrimos muitos talentos, houve um trabalho em equipe, e eles foram delegando tarefas, enquanto um pintava, o outro fazia outra coisa”, ressaltou.

O projeto teve o apoio dos professores das disciplinas de Sociologia, Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Artes, Química, Matéria, Educação Física. 

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