Artista acreano compõe coletânea de quadrinhos ao criar ilustração que conta lenda amazônica do boto

‘Sarcófago X’ traz uma releitura da lenda nortista com arte de Daniel Cabral. Coletânea reúne trabalhos de artistas nacionais e internacionais.
Artista acreano compõe coletânea de quadrinhos ao criar ilustração que conta lenda amazônica do boto. Foto: Arquivo pessoal

O ilustrador acreano Daniel Cabral compõe a coletânea de quadrinhos que reúne grandes nomes do segmento tanto do Brasil, como de fora dele. Com um quadrinho que retrata a lenda amazônica do boto, ele é o único acreano a ter a arte registrada no livro que recebeu o nome de “Sarcófago X”, tendo como idealizador Franjo Santana.

Em 2020, Franjo iniciou uma série de lives com artistas independentes e de grande renome no Instagram e, desses bate-papos e parcerias, acabou retomando um projeto que tinha há muito tempo: o de reunir uma série de artistas de diferentes estilos para criar uma obra épica misturando terror, fantasia e ficção, além de tudo aquilo que a imaginação permitisse.

Nasceu então Sarcófago X, que em 2021 chegou ao Catarse. Cabral escolheu fazer uma releitura moderna baseada na lenda nortista que conta como o boto que se transforma em um homem belo e sedutor. Na forma humana, ele seduz mulheres para engravidá-las e depois as abandona retornando para o rio em sua forma animal.

“São compilações de vários desenhistas do mercado internacional, que trabalham para Marvel, para DC, e para as editoras independentes, que estão produzindo o primeiro projeto deles fora do mercado tradicional. É tipo um projeto paralelo, independente, underground deles”,

explica Cabral sobre o projeto, que é uma homenagem também aos quadrinhos dos anos 60/70.

Daniel Cabral é o único ilustrador acreano a fazer parte de coletânea de quadrinhos. Foto: Arquivo pessoal

Cada artista transformou um conto urbano da sua região em quadrinho, respeitando a linha de um projeto de ficção/terror, com personagens mais contemporâneos. Cabral é o único do Acre a fazer parte dessa coletânea e o segundo do Norte.

“O meu capítulo é sobre o boto, o conto clássico, só que uma versão meio Marvel do boto, que entra no quadrinho amazônico. É uma versão bem contemporânea, de exportação. É mais uma coisa mesmo do autoral e da vontade de expor os personagens nacionais e amazônicos”, conta.

Para o artistas, participar de um projeto tão grandioso é uma sensação de reconhecimento e uma forma de representar o Acre, fazer com que as pessoas conheçam o trabalho independente que já faz há anos.

Livro reúne vários artistas que trabalham com ilustração no país. Foto: Arquivo pessoal

Cabral é ilustrador, cartunista, chargista e desenhistas. Conhecido pelo seu “Mundo Cabralístico”, é comum vê-lo em evento fazendo charges daqueles que curtem seu trabalho.

“Para mim, foi a realização de um sonho de menino, que sempre desenhava quadrinhos na escola, fazia zine underground, zine de bandas, ilustrei muito zine de movimentos sociais e culturais. E isso é a representação de todo mundo que vem comigo, que são os meus amigos, porque sou um cara que transita em várias vertentes da arte. Foi uma honra participar de um projeto desse com os grandes da cena do quadrinho nacional e internacional também”.

A arte sempre esteve na vida de Cabral desde menino. Na escola, ele fazia charges das turmas e desenhava atrás de provas e exercícios que eram passados em aulas: “desde que eu me entendo por gente eu sou assim”. A venda do livro é feita pelo site do Catarse ou direto com o próprio artista.

*Por Tácita Muniz, do g1 Acre

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