Uma pesquisa publicada em 1995 apontou que a nascente se encontrava entre os montes Mismi e Kcahuich, ao sul da cidade de Cuzco
O Rio Amazonas é considerado o rio mais extenso do mundo, com 6.992km de comprimento, além de possuir mais de mil afluentes. Sua bacia hidrográfica abrange cerca de 7 países da América do Sul: Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela e Guiana.
Em cada região, o rio recebe um nome. No local onde nasce o rio Amazonas, ele recebe o nome de Vilcanota. Em território peruano, ele atravessa uma região belíssima, conhecida como Vale Sagrado dos Incas. Antes de chegar ao Brasil, o rio é chamado de Uicaiali, Urubamba e Marañón. Ao sair do Peru, ele ainda passa pela Colômbia, finalmente chegando ao Brasil, que recebe o nome de Solimões, que, ao encontrar com o Rio Negro, se torna o Rio Amazonas. Sua foz é conhecida como Delta do Amazonas e deságua no Oceano Atlântico, localizado entre os estados do Pará e Amapá.
O processo histórico da descoberta do Rio Amazonas pelos colonizadores tem importante papel na definição da nascente. Isso porque o rio foi conhecido de forma inversa da maioria dos rios, ou seja, da nascente da foz. Os primeiros a descobrirem, foram os espanhóis, que já estavam estabelecidos na região andina, direção noroeste da bacia, enquanto que os portugueses só chegaram a foz em dezembro de 1616. Em busca de riquezas minerais como ouro e prata, os espanhóis começaram a fazer expedições pelo rio.
Como o caso da expedição feita em 1541 feito por Francisco Orellana junto com o relator Frei Gaspar de Carvajal, onde ambos afirmaram terem vistos mulheres brancas liderando os índios no combate aos espanhóis. Em alusão a essas mulheres, Orellana denominou de Rio das Amazonas. Por conta disso, até o fim do século XIX, o Rio Maranõn era considerado a nascente principal da Bacia Hidrográfica Amazônica.
A expedição comandada pelo capitão Pedro Teixeira subiu o Rio Amazonas até Iquitos, no Peru no ano de 1637 até 1639, indo do sentido da foz até a nascente durante esse período. Na descida, Pedro Teixeira teve como relator o padre Cristóbal de Acunã e afirmou que o Maranõn era o principal formador do rio.
Com a descoberta e exploração do Rio Ucayalli, as dúvidas a respeito do principal formador começaram a surgir. Charles-Marie de La Condamine, um jovem cientista francês, desceu o Amazonas pelo Maranõn em 1743, e ao passar pela convergência entre o Ucayalli, afirmou que as dúvidas por qual era de fato a nascente crescia, visto que o Ucayali não havia sido explorado na época.
Entretanto, os estudiosos não possuíam uma resposta específica sobre qual seria o principal formador do Rio Amazonas, pois não sabiam qual seria a nascente e dividiam opiniões entre Ucayali, Apurimac e Urubamba. Tal discussão apenas foi solucionada a partir de meados do século XX,com o uso de novas tecnologias e apoio das instituições de pesquisa entre o governo brasileiro em conjunto com o governo peruano e boliviano, promovendo expedições e definiram que o Apurimac seria o formador do Amazonas.
Tal definição apenas foi concretizada em 1995, quando cientistas do Projeto Amazing Amazon, pertencente ao Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), onde divulgaram resultados de pesquisa realizadas na nascente ao longo da extensão até a foz. A pesquisa utilizou imagens de satélite e realizando análises comparativas dos aspectos físicos e químicos das águas, além dos sedimentos coletados nas nascentes e na foz do Amazonas. O resultado apontou que os sedimentos encontrados na nascente do rio Apurimac, foram os mais próximos dos sentimentos encontrados na foz do rio Amazonas. Assim, conseguiram localizar a nascente do Apurimac, entre os montes Mismi, no Peru, com 5.699 metros e o Kcahuich com 5.577 metros de altitude, situado ao sul da cidade de Cuzco e próximo ao Lago Titicaca.