Portal Amazônia responde: os vagalumes estão desaparecendo na Amazônia?

O biólogo Leandro Zeballos comenta que, ao contrário do que se pensa, seis novas espécies foram descritas somente em 2023. E uma delas herdou o nome de um cantor famoso. 

Você notou que recentemente os vagalumes tem sumido das grandes metrópoles? Os vagalumes ou pirilampos são pequenos besouros pertencentes a ordem Coleoptera, Família Lampyridae. No Brasil, existem três famílias de vagalumes – elaterídeos, lampirídeos e fengodídeos – conhecidas pela luminescência branca esverdeada de que são dotados. 

Com o passar dos anos, esses “seres iluminados” foram desaparecendo dos centros urbanos, como as grandes cidades da Amazônia. Mas você já se perguntou há quanto tempo está sem ver um vagalume? Ou se seus filhos irão ter a oportunidade de vê-los?

O Portal Amazônia conversou com o biólogo, mestre em entomologia e doutorando do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI), Leandro Zeballos, que esclareceu sobre esse possível desaparecimento dos vagalumes e revelou algumas curiosidades.

Zeballos pontuou que mesmo sem muitos dados e estudos no geral, há possíveis indícios de causas para o declínio das espécies de vagalumes. 

“Um estudo realizado por pesquisadores do Rio de Janeiro mostrou que a poluição luminosa é um dos principais perigos para as espécies, pois tem a tendência de avançar muito mais rápido que outros fatores, como o desmatamento. Na Amazônia não temos dados para afirmar qual é a maior ameaça, mas os vagalumes de modo geral sofrem muito com a perda do habitat que é derivada de desmatamento, queimadas e da crescente urbanização. Além disso, o intenso uso de pesticidas e a contaminação das águas são outros fatores bem preocupantes porque a maior parte da vida desses besouros é em contato com plantas e locais úmidos, lugares que tenham disponibilidade de água”, exemplificou.

O entomólogo enfatizou como a poluição luminosa afeta o comportamento e a reprodução dos vagalumes:

Diversidade

Leandro Zeballos comentou uma curiosidade sobre esses bichinhos na Amazônia: das seis novas espécies descobertas por seu grupo de estudo, uma herdou o nome de um cantor famoso. 

Scissicauda neyi. Foto: Reprodução/’Haplocauda, a New Genus of Fireflies Endemic to the Amazon Rainforest’

Confira as espécies descobertas pelo grupo de pesquisa do entomólogo:

  • Scissicauda antennata – Zeballos, Roza e Silveira, 2023 (AM)
  • Scissicauda aurata – Zeballos, Roza e Silveira, 2023 (AM)
  • Scissicauda jamari – Zeballos, Roza e Silveira, 2023 (RO e AM)
  • Scissicauda gomesi – Zeballos, Roza e Silveira, 2023 (MT)
  • Scissicauda neyi – Zeballos, Roza e Silveira, 2023 (MT)

Veja a estudo na íntegra (em inglês):

Você sabia?

“O vagalume adulto praticamente não come, na verdade ele é só para reprodução. Ele come mesmo é na fase da larva, nessa fase é um predador muito voraz. Ele come outros invertebrados maiores do que ele, como alguns caracóis, minhocas e outros invertebrados pequenos. Assim como suas presas, eles gostam de áreas úmidas, locais que tem disponibilidade de água, isso vai afetar diretamente a vida dos vagalumes”, comentou o biólogo.

Importância dos vagalumes se estende ao aspecto cultural

Para alguns povos indígenas os vagalumes são espíritos de seus ancestrais. Em outras culturas eles são vistos como amuletos de sorte.

Além disso, também se tornaram importantes para o turismo de algumas regiões mundo afora, como o Japão, Taiwan e Tailândia, onde a observação da espécie é um atrativo turístico bastante popular.

E ainda existem festivais e eventos dedicados à observação desses insetos, tornando-os estimados tanto do ponto de vista ecológico como cultural.

*Por Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

“Que show da Xuxa é esse”? Conheça as ‘cópias’ peruana e colombiana da rainha dos baixinhos

Diversas apresentadoras ganharam programas próprios, seguindo o mesmo perfil da rainha dos baixinhos brasileiros. Algumas dessas 'cópias' se destacaram em países amazônicos.

Leia também

Publicidade