Thomas Lovejoy: o “padrinho da biodiversidade” e defensor da Amazônia

O ambientalista Thomas Eugene Lovejoy III foi um renomado biólogo americano que se dedicava a cuidar da região amazônica.

Thomas Eugene Lovejoy III, foi um dos principais nomes em defesa da Amazônia, considerado o “padrinho da biodiversidade”. Renomado biólogo e ambientalista americano, Thomas era formado em Biologia em Yale (EUA) e professor na Universidade George Mason desde 2010. Lovejoy visitou a Amazônia pela primeira vez em 1965 para fazer doutorado.

Em 1965, o biólogo teve a oportunidade de trabalhar no Instituto Evandro Chagas e em florestas aos arredores de Belém, no Pará. Ele foi conselheiro para assuntos ambientais do Banco Mundial, do Instituto Smithsonian e dos governos Reagan, Bush e Clinton (todos ex-presidentes dos EUA).

Também foi diretor da organização ambientalista WWF dos Estados Unidos de 1973 a 1987, sendo responsável pela orientação científica sobre as florestas tropicais do hemisfério ocidental, além de interlocutor do governo brasileiro para a formulação de políticas ambientais. 

Foto: Reprodução/Fapesp

Ao lado de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lovejoy ajudou a criar e liderou um experimento que investigou o funcionamento de fragmentos florestais e os efeitos do desmatamento sobre a diversidade de espécies de animais e plantas. Estudioso da interação entre mudanças climáticas e biodiversidade, ganhou o prêmio Blue Planet em 2012, considerado o Prêmio Nobel do Meio Ambiente.

Lovejoy esteve inúmeras vezes no Brasil para estudar a floresta amazônica, e ajudou a fundar o Centro de Biodiversidade da Amazônia e o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, no final da década de 1970. Além disso, ele foi o primeiro ambientalista condecorado pelo governo brasileiro com a Ordem do Rio Branco, em 1988, e também recebeu a Ordem do Mérito Científico, em 1998.

Ele participou ativamente de pesquisas em florestas tropicais, desenvolvendo projeto de fragmentação de áreas na Amazônia, com o objetivo de verificar como a fragmentação afetava as aves, mamíferos, insetos e árvores, estudando fragmentos de um a 100 hectares, com repetições. Verificou que mesmo fragmentos de 100 hectares perdem metade das aves do interior da floresta em menos de 15 anos, e considerava esse estudo como um destaque entre suas 600 publicações. O projeto evoluiu para o que conhecemos como PPG7, que é um programa piloto para proteção de florestas tropicais.

Foto: Reprodução/Fapesp

Em uma entrevista que realizou à Revista Fapesp em 2015, contou muito de suas atividades no Brasil e no mundo, de modo mais detalhado. Lovejoy acompanhou os experimentos do pesquisador brasileiro Enéas Salati, no Inpa, na década de 70, no qual mostrou que a Amazônia produzia metade de sua própria chuva. 

“A umidade que inicialmente vem do Atlântico se recicla cerca de cinco vezes no seu caminho a Oeste até chegar aos Andes. Lá, a massa de ar sobe, se esfria e libera grande quantidade de chuva, que abastece 20% da água doce do mundo, que é o sistema fluvial do Rio Amazonas”,

falava Lovejoy sobre os rios voadores.

Foto: Reprodução / Inter-American Dialogue – WWF

Em suas passagens pelo Brasil, conquistou muitos amigos como Paulo Nogueira Neto, com quem tinha uma grande afinidade, e trabalhou com Carlos Nobre, que ressaltou os perigos da proximidade do ponto de não retorno da floresta amazônica.

Thomas Lovejoy morreu no dia 25 de dezembro de 2021, na cidade de Washington, nos Estados Unidos, aos 80 anos. A causa da morte não foi informada.

“A Amazônia era esse mundo selvagem inacreditável e tropical. Era como se eu tivesse morrido e chegado ao Paraíso. Era fascinante, e aos poucos passei de simplesmente fazer ciência a fazer ciência e conservação ambiental. A Amazônia é um dos lugares mais importantes para trabalhar no mundo.”

Thomas Lovejoy (1941-2021)

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