Saiba quais são os bairros mais altos das capitais amazônicas

Para saber identificar qual o ponto mais alto de uma cidade é importante entender sobre a topografia da região e o relevo, que podem sofrer diversas variações. 

A topografia é um estudo ligado à altitude de uma região, sendo o conjunto de características naturais presentes na superfície de uma cidade. A base da topologia está ligada ao relevo terrestre, local e tipos de sítios urbanos. O relevo é o formato da superfície terrestre e pode ser caracterizado como montanhas, planaltos, planícies e depressões.

Para saber identificar qual o ponto mais alto de uma cidade é importante entender sobre essas duas características, que podem sofrer diversas variações. Além disso, as capitais continentais possuem a temperatura mais elevada do que as marítimas, o que também influencia. 

Em algum momento você já se perguntou quais são os bairros mais altos da sua cidade? A dúvida é mais comum do que aparenta e o Portal Amazônia conversou com a doutora em geomorfologia na Universidade Federal do Pará (UFPA), Luziane Mesquita, e com o doutorando em geografia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Thiago Oliveira, para saber quais são os bairros mais altos das capitais que fazem parte da Amazônia Legal.

“A capital que tem maior altitude do ponto de vista topográfico é a cidade de Palmas, ela está a 260 metros acima do nível do mar, então é uma cidade planáltica, sendo a cidade com maior altitude em toda a Amazônia brasileira. As demais capitais, como Porto Velho e Rio Branco, estão em altitude média de 90 a 100 metros”,

explicou a geomorfologista Luziane.

Rio Branco (Acre)

No Acre, a capital Rio Branco registra a média de 100 metros de altitude e é influenciada pelo efeito da continentalidade. Conforme informações do mapa do Banco de Dados Ambientais, os bairros Vila Custódio (com 191 metros) e Nova Esperança (com 175 metros) são as partes mais altas de Rio Branco.

Foto: Reprodução/UFAC

Macapá (Amapá)

Com a proximidade ao nível do mar, a capital do Amapá possui uma média que varia entre 5 e 10 metros. Conforme o Banco de Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), superando a média, são considerados os bairros mais altos o Amazonas, com 21 metros; Ipê, com 19 metros; e São José, com 18 metros.

“Observamos pequenas variações de altitude, desde 5 metros a 10 metros para aquelas cidades que estão próximas ao nível do mar, como Belém, São LuÍs e Macapá. A medida que vamos interiorizando no vale amazônico em direção ao norte ou sul, como no caso de Palmas, o relevo também vai ficando mais alto”, comentou a geomorfologa. 

Foto: Rogério Lameira

Manaus (Amazonas)

Entre alguns manauaras existe a teoria de que o bairro Aleixo é o mais alto da cidade. O que levou a essa conclusão foi o fato do bairro ser cercado de torres de emissoras de televisão. Até o ano de 1970, quando a cidade tinha menos habitantes, a teoria era válida.

Mas com o crescimento da cidade, essa referência mudou. Vale ressaltar que a média de altitude na capital amazonense é inferior a 100 metros, e o relevo da cidade é condicionado pelas fortes chuvas na região.

“Por existência natural, a parte mais alta da cidade está no bairro Cidade de Deus, porém também existem estudos de mestrado na área, que revelam que no período atual uma das áreas mais altas da cidade é o Aterro de Resíduos Sólidos de Manaus (ARSM), podendo chegar até 143 metros de altitude”,

declarou o doutorando em Geografia, pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Thiago Oliveira.

Em relação ao relevo da capital, com alguns estudos foi possível constatar que na região norte de Manaus se encontra um relevo dissecado pela drenagem, onde existem colinas alongadas e estreitas, cujas cotas variam entre 50 e 150 metros.

“O relevo da região de Manaus é condicionado pelos eventos geológicos denominados de neotectônicos e pelas águas, sendo estes responsáveis pelas erosões e modelagem do relevo. O nosso relevo da cidade foi bastante dissecado, sendo ‘esculpido’ pelas chuvas, pelos cursos da água e pela movimentação geológica denominada de neotectônica. Esses elementos ajudaram a modelar o nosso relevo”, esclareceu Thiago.

Foto: Reprodução/Prefeitura de Manaus

São Luís (Maranhão)

Por ser uma cidade próxima ao mar, a capital São Luís é considerada uma região com baixa altitude. Porém, analisando a interiorização dos bairros no vale amazônico, existem algumas partes da cidade que são bem mais altas do que a média de 10 metros.

Os registros topográficos do Banco de Dados Ambientais, consideram os bairros Jardim América, com 63 metros, e São Raimundo, com 60 metros, os pontos mais altos da capital São Luís.

Foto: Reprodução/ Douglas Junior-MTur

Cuiabá (Mato Grosso)

A capital Cuiabá pode ser considerada a segunda mais alta da Amazônia, registrando cerca de 170 metros. Segundo o Banco de Dados Ambientais, os bairros Morro da Conceição, com 259 metros, e o Bosque da Saúde, com 230 metros, são as partes mais altas da capital.

Foto: Reprodução/Mayke Toscano-Secom (MT)

Belém (Pará)

A capital Belém está localizada em um sítio urbano com relevo de baixa altitude, que também varia entre 5 e 10 metros. Esse fenômeno é condicionado por ser um local próximo ao mar e o Estado é afetado pela baixa topografia. Na região também existem grandes variações de altitude, como por exemplo a Serra dos Carajás que pode atingir até 800 metros de altura.

Com informações disponibilizadas pelo Banco de Dados Ambientais, o bairro Marco é considerado um dos mais altos podendo chegar aos 16 metros; mas o bairro do Curio Utinga é o mais alto, registrando uma altura de 29 metros.

“As cidades de Belém, Macapá e São Luís estão localizadas em unidades de planícies e tabuleiros litorâneos. Do ponto de vista geomorfológico, a cidade de Belém é considerada uma das mais baixas de toda a Amazônia brasileira e sendo reconhecida pelo nível Belém e Marajó devido a baixa altitude. Então, essa mesma altitude de Belém é a média do Marajó que se separou do continente através de processos tectônicos”, comentou Luziane.

Foto: Reprodução/ iStock

Porto Velho (Rondônia)

Em Rondônia, a capital Porto Velho participa do efeito da continentalidade e interiorização do vale amazônico, possuindo uma média de 100 metros de altura. O mapa topográfico disponibilizado pelo IBGE registra o bairro Cascalheira, com cerca de 106 metros, como um dos pontos mais altos da cidade. 

Foto: Reprodução/ Daiane Mendonça-RO

Boa Vista (Roraima)

A cidade de Boa Vista possui um relevo plano que registra a média de 80 metros de altura. Dentre os 56 bairros que compõem a capital de Roraima, a topografia do IBGE mostra o bairro Paraviana, com 88 metros, e Caçari, com 87 metros, como as regiões mais altas da capital.

Foto: Reprodução/ PMBV

Palmas (Tocantins)

Entre as capitais consideradas interiorizadas, como informou a especialista, Palmas é considerada a capital mais alta em toda a Amazônia Legal. Por ser uma região que sofre o efeito da continentalidade, é uma cidade que registra também uma temperatura elevada. De acordo com informações disponibilizadas no mapa topográfico do IBGE, o bairro Plano Diretor Sul, com 300 metros, é considerado o ponto mais alto.

“A cidade de Palmas apresenta a altitude média de 260 metros, localizada em uma área de depressão do Médio Tocantins, e ao mesmo tempo a cidade é colada no Planalto, uma área mais alta, o que leva a altitude a essa altura. Ela está localizada em uma área de depressão, em torno de planaltos e serras elevadas, é uma cidade muito quente por ser uma cidade continental”, constatou a doutora. 

Foto: Reprodução/ Prefeitura de Palmas

Referências 

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