Rochas milenares eram usadas como calendário solar por povos indígenas. Conheça Stonehenge da Amazônia, no Amapá

Localizado no Parque Arqueológico do Solstício, 127 rochas com mais de 4 metros foram organizadas em formato circular em um raio de 30 metros intriga pesquisadores

Localizada no estado do Amapá, erguido no meio da floresta, o sítio arqueológico popularmente conhecido como “Stonehenge da Amazônia”, é um conjunto de grandes rochas de granito fincadas no solo em formato circular. Ao todo, 127 rochas com mais de 4 metros foram erguidas em um raio de 30 metros.

De acordo com as pesquisas, as pedras maciças foram organizadas por mãos humanas, às margens do igarapé Rego Grande, na área rural da cidade de Calçoene, a 374 km da capital, Macapá. As estruturas estão localizadas dentro do Parque Arqueológico do Solstício e o acesso é feito pelo ramal que liga a sede do município à Vila do Cunani, percorrendo cerca de 30 km.

A história e os motivos pela construção do megálito ainda são desconhecidas, os indícios encontrados por pesquisadores são de que ele foi construído por indígenas há cerca de 1000 anos antes de Cristo, para observação astronômica e rituais.

Nos últimos anos os arqueólogos realizaram medições sistemáticas sempre na data de 21 ou 22 de dezembro, que marca o solstício de inverno (Calçoene está acima da linha do equador), e verificaram que um fino monólito parece estar alinhado com a trajetória do sol ao longo desse dia. Ao nascer, o sol está no topo da rocha e, com o passar das horas, vai descendo até sumir na base da rocha.

Foto: Reprodução/ Iphan

 Os chamados monólitos (estrutura geológica construída por um único pedaço de rocha ou pedra) foram encontrados pela primeira vez no final do século XIX pelo zoólogo suíço Emílio Goeldi (1859-1917), que descreve as rochas que apontavam para o céu. Ao longo de 6 décadas do século XX, outros pesquisadores, como o alemão Curt Nimuendajú nos anos 1920 e os americanos Betty Meggers e Clifford Evans, no fim dos anos 1950, também encontraram outros blocos de granito como esses em outros sítios arqueológicos.

Grupos de pesquisa realizaram escavações em 2006, 2009 e em 2013, autorizados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), segundo a gerência do Núcleo de Pesquisa Arqueológica (NuPARq) do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), que administra a área. Como resultado, todos comprovam e afirmam a história milenar da presença de indígenas na região, antes do contato com europeus.

Foto: Divulgação

 Outros estudos também apontam como uma de suas utilidades, a construção era usada para guiar comunidades no Amapá o progresso dos mapas de chuvas, com o intuito de acompanhar e saber a chegada das estações e marcação do fim de grandes ciclos.

A riqueza arqueológica não está apenas nas rochas, arqueólogos encontraram vasilhas cerâmicas, instrumentos com confecção em pedra e urnas funerárias com restos mortais. De acordo com o Iphan, a descoberta das urnas funerárias sugere que o local foi um centro de rituais. 

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