Quantidade de pirarucus pode impactar biodiversidade dos peixes no rio Pacaás Novos em Rondônia

O levantamento  é realizado por uma equipe de biólogos com auxílio de pescadores e moradores da área com o objetivo de analisar o comportamento do peixe na reserva e os impactos que a espécie traz

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) planeja catalogar a quantidade de pirarucus que existem na Reserva Extrativista (Resex) Rio Pacaás Novos, localizada em Guajará-Mirim (RO), para analisar a possibilidade de superpopulação.

Moradores da região relataram presença do pirarucu e a diminuição dos peixes que habitavam a área, como tucunaré e carabiquara. O levantamento é feito por uma equipe de biólogos da Sedam com auxílio dos pescadores e moradores da área. O objetivo é analisar o comportamento do peixe na reserva e os impactos que a espécie pode causar, já que não é um peixe nativo da área.

Foto: Flickr

De acordo com a Sedam, pescadores da comunidade Santa Margarida relataram que os pirarucus não eram vistos nas águas da reserva, antes da enchente histórica, no ano de 2014.

As equipes se dividem em diferentes barcos, com uma distância segura para não contabilizar o mesmo peixe mais de uma vez e realizam a contagem.

A pós-doutora em manejo pesqueiro e professora titular do departamento de biologia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Carolina Dória, explica que o pirarucu desce pelos rios da Bolívia e Peru até os rios de Rondônia há pelo menos 30 anos e a cheia pode ter facilitado a dispersão da espécie. Como não é um peixe nativo da reserva, o pirarucu pode ameaçar a biodiversidade da região por conta dos seus hábitos alimentares. 

Foto: Flickr

“O Pirarucu é um peixe piscívoro de topo de cadeia, muito voraz e precisa comer muito para se sustentar. O resultado disso é que ele come os indivíduos jovens e adultos de outras espécies, que acabam reduzindo. Assim, como ele é uma espécie invasora, ele pode causar um dano enorme às espécies nativas competindo por alimento e também se alimentando das espécies nativas”, aponta Carolina.

Segundo os biólogos que participam da pesquisa através da Sedam, a maior parte dos peixes são encontrados em áreas mais calmas e eles ameaçam até mesmo a existência das espécies desconhecidas.

“Essa região é muito rica em biodiversidade ainda desconhecida. E como o pirarucu adulto pode comer até 60 quilos de peixes por dia, ele pode estar acabando inclusive com espécies ainda não catalogadas”, ressalta o biólogo Thales Quintao.

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