Portal Amazônia responde: o que é o cauxi?

Com nome de origem tupi, o cauxi possui diversas funcionalidades desde a engenharia civil até à nanotecnologia.

Se você já frequentou um rio da bacia amazônica em período de vazante, que ocorre entre junho e novembro, provavelmente já deve ter entrado em contato com algum organismo que causou uma irritação muito forte na pele.

Esse organismo é chamado de cauxi, comumente presente no período de seca. Ao cair na água se dissolve em farpas minúsculas que, em proximidade com a pele, provoca coceiras, irritações e até reações alérgicas.

Entenda o que é o cauxi, sua importância e usos:

Esponja de água doce chamada Metania reticulata – Foto: Divulgação/Usp

A etimologia do termo cauxi ou cauixi vem da língua indígena tupi ‘kawixí’ e é uma denominação à esponjas de água doce, da família dos espongilídeos, que possuem espinhos silicosos (formados por átomos de silício e oxigênio), conhecidos principalmente por irritar a pele.

O Brasil é o País que apresenta mais exemplares de esponjas dulcícolas da região neotropical, com cerca de 260 espécies. Assim, as descrições dos estudos de distribuição e taxonomia ilustram como é diversa a variedade de esponjas na Amazônia.

Na região são encontradas as famílias Spongillidae, Metaniidae e Potamolepidae, os gêneros Metania, Drulia, Spongilla, Trochospongilla, entre outros. Contudo, são mais comumente usados por povos indígenas, que fazem uma mistura com argila e produzem cerâmica a partir disso. 

“Mas não sabem que é uma esponja, ou mesmo que é um animal. Aparentemente, essas reações na pele são causadas pelas espículas, elementos microscópicos de sílica do esqueleto das esponjas e que formam um pó fino quando o organismo está seco, não por algum composto químico específico produzido pelo animal”, descreveu o professor Márcio Reis Custódio, do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências (IB) da USP, sobre um trabalho realizado em 2016.

Utilidade 

As esponjas de água doce produzem depósitos biominerais, conhecidas como jazidas de espongilitos, por meio do acúmulo de suas espículas silicosas, tendo uma importância econômica na construção civil.

Esse material também é adequado para a produção de cerâmicas (como realizado pelos indígenas), com alto grau de resistência, para a fabricação de chips de computador, suprimentos para cromatografia e suporte para catalisadores. 

Esponja de água doce fixada à vegetação, que integra o filo Porifera – Foto: Divulgação/Usp

Importância e meio ambiente

De acordo com o trabalho de Custódio, ainda não se conhece todo o potencial de aplicação do cauxi e, portanto, é necessário mais estudos biológicos tendo em vista a espongicultura, que consiste na produção de cultura de esponjas naturais, utilizando esses animais como fonte de recurso biomineral renovável, mostrando assim a aplicabilidade tanto para ciência dos novos materiais como nanociência.

Além disso, por serem filtradoras de micro-organismos e sinalizadoras de alterações no meio ambiente, as esponjas podem ser utilizadas em projetos de recuperação ambiental.

Por outro lado, as esponjas produzem uma grande diversidade de metabólitos secundários, muitos desses despertam interesse farmacológico e biotecnológico.

Os compostos produzidos são recursos naturais importantes, podendo levar à produção de medicamentos, como já ocorre com as esponjas marinhas, com atividades antimicrobianas, neuroprotetoras, entre outras. 

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