Pesquisadores desenvolvem petiscos para cães a partir de resíduos de peixes

A pesquisa realizada em Rondônia tem como objetivo diminuir o desperdício de matéria-prima e buscar uma solução sustentável para a destinação dos resíduos descartados.

Pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) desenvolveram petiscos para cães a partir do aproveitamento de resíduos gerados pela piscicultura e ranário. O intuito da pesquisa é diminuir o desperdício de matéria-prima causado pelo descarte e buscar uma solução mais sustentável para a destinação dos resíduos de produção de rãs e de peixes. 

O estudo foi realizado no campus da UNIR em Presidente Médici, sob a coordenação da professora Rute Bianchini Pontuschkla, docente nos cursos de Engenharia de Pesca e Zootecnia.

Ela explica que a ideia do estudo surgiu da constatação da necessidade de aproveitar melhor os resíduos sólidos das duas industrias e que em 2017 surgiu, durante uma conversa com alunos dos cursos de Zootecnia e Engenharia de Pesca, a indicação para desenvolver um produto voltado à alimentação de cães.

“Fizemos um trabalho em um ranário aqui no Estado onde constamos que o foco é no aproveitamento da carne. Assim como em outras agroindústrias, os resíduos que não são aproveitados são descartados e depositados em aterros, que acabam causando impactos ao meio ambiente”,

comenta a professora. 

Foto: UNIR

Logo depois da aprovação do projeto de iniciação científica no âmbito da UNIR, a equipe buscou parcerias no Estado para obter os resíduos de rã e de tambaqui para produção de alimentos específicos para cães adultos, os “petiscos”. Os pesquisadores optaram por trabalhar com petiscos por ter uma composição mais simples, diferente da ração que exige balanceamento nutricional para suprir todas as necessidades diárias do animal. 

Resíduos como vísceras de rã e tambaqui, pontas das patas de rãs e cabeça de peixe, que são comumente descartados, deram origem a três formulações distintas de petiscos.

“No laboratório trabalhamos na formulação de dois petiscos macios de tambaqui e de rã, que são mais úmidos, e um biscoito de rã, e todos tiveram ótima aceitabilidade nos ensaios com animais”, 

destaca a pesquisadora. 

A análise sensorial de aceitação dos produtos foi feita com 20 cães adultos domiciliados no primeiro teste, que foi repetido por três vezes, totalizando 60 observações. Depois, no segundo teste, com 19 animais, repetiu-se a experimentação por cinco vezes, o que resultou em 95 observações. 

Segundo a professora Rute, comparando o biscoito elaborado pela equipe com os disponíveis no mercado, a aceitação foi a mesma: “Oferecemos os dois petiscos e a aceitação foi idêntica, na mesma intensidade”. 

Todas as três variações de petiscos são assadas, não possuem aditivos e foram testadas com base de farinha de trigo, de arroz, ovos e tubérculos. Agora, a equipe estuda a viabilidade da formulação de um novo produto, possivelmente uma farinha. Para Rute Bianchini, conseguir aproveitar os resíduos que são descartados pelas agroindústrias, propondo uma melhor destinação e diminuindo o impacto no meio ambiente, são os principais resultados da pesquisa, além da qualidade comprovada dos produtos desenvolvidos.

Também integram a equipe que realizou o estudo a professora do curso de Zootecnia, Fernanda Bay Hurtado; e os estudantes de graduação Gabriel Goes Guedes (Zootecnia) e Ana Alice Santos Cortez (Engenharia de Pesca), que desenvolvem projetos de conclusão de curso relacionados à pesquisa sobre os petiscos; além dos ex-alunos Denise Rufino Bragança (zootecnista) e Wesclen Vilar Nogueira (engenheiro de pesca).

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