Pacarana: o raro ‘roedor gigante’ da Amazônia que luta para sobreviver

Conhecido como 'pacarana', o Dinomys branickii é um dos maiores roedores do mundo e desempenha papel crucial na floresta, mas enfrenta ameaças crescentes devido à destruição do habitat e à caça.

A pacarana é o terceiro maior roedor do mundo. Foto: Reprodução/Leonardo Kerber

Pouco conhecida do grande público, a pacarana (Dinomys branickii) é um roedor robusto, de hábitos noturnos e comportamento dócil, encontrado em regiões de floresta na Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e, no Brasil, no Acre e no oeste do Amazonas. Único representante vivo da família Dinomydae, a espécie é considerada rara desde sua descoberta, em 1873, e chegou a ser dada como extinta em algumas ocasiões.

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Pacarana
Foto: Reprodução/WWF

Pesando entre 10 e 15 quilos e medindo até 79 centímetros de comprimento, sem contar a cauda, que pode chegar a 20 centímetros, a pacarana é o terceiro maior roedor do mundo, atrás apenas da capivara e do castor. O nome vem do tupi e significa “falsa paca”, pela semelhança com a espécie mais conhecida, embora seja mais corpulenta e com cauda grossa e curta. A pelagem escura, salpicada de manchas e listras brancas, ajuda na camuflagem em meio às rochas e à vegetação densa.

A pacarana vive em pequenos grupos familiares, geralmente um casal e dois ou três filhotes, em tocas naturais próximas a rios, conectadas por um intrincado sistema de trilhas. Costuma ocupar áreas de vida relativamente pequenas, mas bem estruturadas, variando de cinco a doze hectares. Esses refúgios possuem cavernas interligadas, latrinas específicas e pontos de alimentação.

Foto: Reprodução/WWF

Lenta (se desloca a pouco mais de 1 km/h), a pacarana depende da disponibilidade de abrigos seguros para se proteger de predadores e caçadores. De acordo com o Mamíferos do Brasil, a oferta de tocas naturais ou cavernas parece ser um dos principais fatores limitantes para a espécie.

Em 2018, um grupo de Pacarana foi registrado pela primeira vez na Resex (Reserva Extrativista) Chico Mendes, em Xapuri, no Acre. Confira:

Alimentação e ameaças

Herbívora, a pacarana se alimenta principalmente de folhas e caules, mas também consome frutos, flores e brotos. Ao manipular o alimento com as patas traseiras, demonstra habilidade e cuidado incomuns entre roedores.

Por dispersar sementes, tanto por meio das fezes quanto transportando-as grudadas no pelo, a espécie ajuda na regeneração da floresta e no equilíbrio de populações vegetais.

Foto: Reprodução/WWF

Apesar de a criação em cativeiro ter avançado nos últimos anos, as populações silvestres estão em declínio. O avanço do desmatamento, a fragmentação das florestas e a caça para consumo humano têm reduzido drasticamente o número de indivíduos na natureza.

Historicamente, a família Dinomydae foi muito mais diversa, com espécies que chegavam a pesar até uma tonelada, como o extinto Josephoartigasia monesi. Porém, a competição com novos predadores após a formação do istmo do Panamá, que ligou as Américas há cerca de três milhões de anos, levou ao desaparecimento da maioria dessas espécies gigantes. Atualmente, a pacarana é a última sobrevivente de uma linhagem de “roedores colossais” da América do Sul.

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