Novas espécies de cabas são identificadas na Amazônia

Do total de indivíduos analisados, identificou-se que quase 100 espécies fazem parte de um grupo bem representado na região, mas que tem uma distribuição mundial.

Fotos: Érico Xavier/Fapeam

As vespas sociais, conhecidas popularmente na região amazônica como cabas e nas demais localidades do Brasil como marimbondos, foram a base de um estudo desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazona (Fapeam). 

A pesquisa analisou as espécies do gênero Polistes, em relação à taxonomia e à sistemática, para contribuir com informações acerca da classificação das espécies e compreensão das suas relações evolutivas.

A taxonomia é a ciência que lida com a descrição, a identificação e a classificação dos organismos. E a sistemática é a ciência que classifica os seres vivos, através do estudo comparativo de suas características e aspectos morfológicos, fisiológicos, genéticos e evolutivos.

Coordenado pelo doutor em Ciências Biológicas/Entomologia, Alexandre Somavilla, no estudo foram examinados, aproximadamente, 10 mil indivíduos, a maioria depositados no acervo da coleção do Inpa, e provenientes de coletas nos municípios de Manaus, Presidente Figueiredo, Iranduba, Ipixuna, Lábrea, Tefé, Canutama, Maués, entre outros, e de museus de história natural e coleções estrangeiras dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Dinamarca, Canadá e Paraguai, além de instituições brasileiras de São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Bahia e Rio Grande do Sul.

Do total de indivíduos analisados, identificou-se que quase 100 espécies são cabas e marimbondos do gênero Polistes, um grupo bem representado na região amazônica, mas que tem uma distribuição mundial. A pesquisa, que já foi finalizada, analisou as características morfológicas de indivíduos adultos fêmeas e machos, genitálias dos machos, ninhos, larvas, além de informações moleculares, no qual foram extraídos DNA dessas cabas.

“Quando fazemos esse tipo de pesquisa, integrando diferentes fontes de evidências biológicas, conseguimos organizar esses organismos de maneira mais robusta, definir o que é uma espécie, onde ela vive, qual a área de distribuição, encontrar evidências das relações de parentesco e até mesmo funcionalidades delas”,

explicou.

Fotos: Érico Xavier/Fapeam

A pesquisa gerou frutos positivos com a publicação de dois artigos científicos, publicados nas revistas internacionais American Museum Novitates e Arthropod Systematics & Phylogeny, no ano de 2021. Além de ter contribuído para a formação de recursos humanos em alto nível, com dois doutorandos, dois mestres e um aluno de graduação.

Desmitificando as vespas

Outro ponto importante na pesquisa é a percepção que a população tem desses insetos. O conceito negativo, criado pela maior parte da população é de que, ao pensar nas cabas, lembram apenas das dolorosas ferroadas, nas reações alérgicas e acidentes graves à saúde que elas podem ocasionar. Porém, o estudo dessas cabas também permite mostrar o lado positivo desses insetos para o meio ambiente e equilíbrio ecológico.

“Essas cabas desempenham diversos serviços ecossistêmicos e são extremamente importantes para o equilíbrio da natureza, por serem animais predadores, que se alimentam de lagartas e outros insetos, alguns considerados, inclusive, pragas agrícolas, com isso as cabas fazem o controle biológico, o que pode reduzir o uso de agrotóxicos na agricultura impactando a produtividade local e a melhoria da qualidade de vida da população”, 

explica o pesquisador.

As cabas também visitam as flores, e com isso podem auxiliar na polinização de algumas espécies vegetais. Além disso, muitas espécies são bioindicadoras da qualidade ambiental e conseguem viver e construir as suas casas, que são os ninhos, somente em ambientes bem estruturados ecologicamente.

Intitulada ‘Taxonomia, Filogenia e Biogeografia do gênero de vespa social Polistes latreille, 1802 (Vespidae: Polistinae)’, a pesquisa foi desenvolvida pelo Programa de Fixação de Doutores no Amazonas (Fixam), da Fapeam, destinado à estimular a fixação de recursos humanos com experiência em ciência, tecnologia e inovação.

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