Moradores se juntam para ‘arrastar’ casa em comunidade ribeirinha do Amazonas

Por mais impressionante que pareça, a mudança registrada no vídeo é comum nas áreas de várzea

Mudar de casa pode ser algo muito estressante. Encher e esvaziar caixas, organizar e levar as coisas de um lugar para outro são apenas algumas das razões pelas quais muita gente não gosta de se mudar. Mas na Amazônia mudar de casa pode ser um pouquinho diferente…

Foi o que aconteceu no vídeo abaixo, onde um grupo de pessoas se junta para mudar uma casa inteira de lugar apenas empurrando a residência de um lugar para outro em questão de segundos.

Por mais impressionante que pareça, a mudança registrada no vídeo é comum. O Portal Amazônia conversou com Aline Tupinambá, sobrinha do dono da casa registrada no vídeo. Ela conta que esse mecanismo de mudança é utilizado há anos nas comunidades ribeirinhas próximas ao Paraná do Eva, município de Rio Preto da Eva, interior do Amazonas.

Aline conta que, na região, as casas precisam mudar de lugar devido ao fenômeno das terras caídas, processo de erosão que ocorre nos rios da Amazônia. 

As terras caídas acontecem quando a água atua sobre as margens dos rios, causando erosão e abrindo extensas “cavernas subterrâneas”, até que uma ruptura provoque a queda do terreno, que é tragado pelas águas.

Ele é causado pela combinação de vários fatores como, por exemplo, o clima, o nível dos rios, a composição do material das margens, além do tempo. Apesar de ser um fenômeno natural, a erosão também acontece pela ação do homem que contribui para a fragilização do solo.

Foto: Divulgação/Defesa Civil

Segundo Aline, a medida é necessária pois o fenômeno das terras caídas fazia com que muitos vizinhos perdessem suas residências. “Toda vez que o rio enche, a terra fica maleável e quando vai secando o rio, entre agosto e setembro, as terras vão junto”, explica.

Ela conta que, com o passar dos anos, a técnica para mudar as casas de lugar foi se aprimorando. “Isso é muito comum entre eles [comunitários]. Só que antes o processo era diferente e, hoje, não precisa mais desmontar muito a casa”, ressalta.

A prática é tão comum que reúne vizinhos e familiares. “A maioria ali são primos da minha mãe. É uma comunidade muito unida, então eles se ajudam na mudança das casas”, relata Aline.

Depois da mudança, o clima entre os envolvidos é de celebração. Aline conta que a família chega a oferecer um banquete para os parentes e vizinhos que ajudaram. 

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