Nos últimos meses, tem crescido o debate sobre um tema que até hoje é considerado tabu para grande parte da população: a menstruação. Uma pesquisa recente divulgada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelou que cerca de 4 milhões de mulheres no Brasil não possuem acesso à itens básicos de cuidado menstrual. Nesse cenário, onde ficam mulheres indígenas na Amazônia?
O Portal Amazônia mostra como elas passam por esse período à quilômetros dos grandes centros urbanos, nos quais a venda de absorventes é teoricamente mais acessível, e de que forma aliviam as cólicas menstruais.
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Uma característica milenar entre as mulheres, que traz histórias de evolução até os dias atuais. Em meados da adolescência, jovens meninas iniciam um ciclo que se estende por grande parte da vida: a menstruação. Ela a descamação das paredes internas do útero quando não há fecundação e faz parte do ciclo reprodutivo da mulher mensalmente.
A indígena, artista, designer de moda, nutricionista e palestrante We’e’ena Tikuna, da tribo Tikuna no Amazonas, conta em seu canal no YouTube sobre a utilização do absorvente em sua tribo e ressalta que os insumos são retirados da própria natureza. “A natureza nos fornece tudo, por isso que a natureza pra nós é sagrada. Da terra, da floresta, dos rios, nós temos a nossa medicina natural”, relata.
O absorvente Tikuna é feito a partir da extração do tururi, uma fibra de madeira natural vegetal, resistente e flexível que envolve os frutos de uma palmeira chamada Ubuçu.
“Ela vem numa casca e a gente coloca ela no limão para ficar mole e clara. Quando ela fica mole, tipo algodão, nós utilizamos para fazer nossas roupas, nossas tangas e fazer também o absorvente”
We’e’ena Tikuna.
Como explicou We’e’na, além própria confecção do absorvente, o tururi é utilizado na produção de roupas, brincos, cobertores e artesanatos no geral.
Uso sustentável
O tururi pode ser reutilizado, ou seja, após o seu uso, pode ser lavado e usado novamente, o que se configura como uma prática sustentável ao produzir menos lixo. A designer de moda tikuna foi responsável pela primeira grife de moda indígena desenhada e projetada por uma indígena Nativa.
Alternativas
We’e’ena Tikuna explica ainda que existem vários outros tipos de fibras para confecção de peças e absorventes e que com a aproximação da cidade, muitas mulheres optam também pelo absorvente comum vendido em comércios.