Marinha faz sondagem inédita nos rios do Arquipélago do Marajó

Os dados obtidos em campo compõem a base para a confecção de cartas náuticas inéditas para a área.

A Marinha do Brasil realizou, entre novembro de 2022 e abril deste ano, levantamentos hidrográficos na região dos Estreitos de Breves e nas Bacias de Melgaço, Portel e das Bocas, no Arquipélago do Marajó, regiões de intenso tráfego aquaviário no Pará. Foram registradas as profundidades de canais de acesso, áreas de manobra, fundeio e berços de atracação em um perímetro de cerca de 500 km². Os dados obtidos em campo compõem a base para a confecção de cartas náuticas inéditas para a área, que dispõe apenas de um croqui de navegação.

As cartas náuticas do Marajó, 4341 e 4342, estão previstas no III Plano Cartográfico Náutico Brasileiro, publicado pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha. 

“O contínuo levantamento hidrográfico dos rios exige planejamento e um esforço logístico considerável, com vistas a aumentar a segurança da navegação. A Marinha vem investindo recursos humanos, materiais e financeiros na atividade, que resultará na entrega à sociedade de novas cartas náuticas, fundamentais para uma região que se serve dos rios como se fossem estradas”, avalia o Vice-Almirante Antônio Capistrano de Freitas Filho, Comandante do 4º Distrito Naval.

Marinha faz sondagem inédita nos rios do Arquipélago do Marajó. Foto: Reprodução/Agência Marinha de Notícias

As sondagens foram feitas por meios subordinados ao Centro de Hidrografia e Navegação do Norte: o Aviso Hidroceanográfico Fluvial “Rio Tocantins” e o Aviso Balizador “Denébola”, ambos equipados com ecobatímetro monofeixe para sondagem, além da Lancha Hidrográfica de Águas Interiores “Rígel”, que atuou no apoio logístico. Os levantamentos hidrográficos no Marajó foram realizados em parceria entre a Marinha do Brasil e o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte. 

Arquipélago do Marajó

Com cerca de três mil ilhas e ilhotas, o Marajó é o maior arquipélago fluvio-marítimo do mundo. Situado na confluência dos rios Amazonas e Tocantins-Araguaia, abriga o estuário amazônico, uma das mais ricas regiões do País em termos de recursos hídricos e biológicos.

O arquipélago abrange 16 municípios: Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Muaná, Ponta de Pedras, Portel, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure. A área total do arquipélago, 104.139,93 km², é superior à soma dos territórios dos estados do Espírito Santo e da Paraíba. A população é estimada em 557.231 habitantes.

Embarcações comerciais de maior porte, além de barcaças, serão beneficiadas. 

“A produção das cartas náuticas da região dos Estreitos constitui-se de relevante incremento na segurança da navegação, especialmente pelo intenso tráfego de embarcações, contribuindo sobremaneira para o ordenamento no fluxo dessa rota tão significativa para o Arco Norte. Além disso, ao ampliar a segurança, a população ribeirinha também se beneficia diretamente dessa iniciativa, uma vez que a navegação é o principal meio de transporte de cargas e pessoas nas áreas abrangidas pelas novas cartas que entrarão em vigor”, 

avalia Wellington Guanabara, Gerente de Navegação da Hidrovias Brasil, empresa de soluções logísticas que opera no transporte hidroviário e que também navega na região que está sendo cartografada.

Dados obtidos em campo compõem a base para a confecção das primeiras cartas náuticas para a região. Foto: Reprodução/Agência Marinha de Notícias

O que é um levantamento hidrográfico?

Levantamento hidrográfico é um conjunto de atividades executadas na obtenção de dados batimétricos, geológicos, maregráficos, fluviométricos, topo geodésicos, oceanográficos e geofísicos, em áreas marítimas, fluviais, lacustres e em canais naturais ou artificiais.

Os ecobatímetros modernos utilizam os princípios físicos da propagação do som na água para o cálculo da profundidade. Os sinais de um ecobatímetro são emitidos por uma fonte rebocada na superfície ou fixada no casco da embarcação. As ondas acústicas de alta frequência, que se propagam através da água, atingem o fundo e são refletidas de volta à superfície. Obtendo-se a velocidade de propagação do som na água e o tempo de trânsito dos sinais, é possível calcular a profundidade.

As sondagens foram feitas por meios subordinados ao Centro de Hidrografia e Navegação do Norte – Foto: Agência Marinha de Notícias

O que são cartas náuticas?

Cartas náuticas são representações da superfície terrestre, que possibilitam ao navegante orientar-se sobre sua posição e perigos (bancos, pedras submersas, cascos soçobrados ou qualquer outro obstáculo), profundidades e auxílios que permitem uma navegação mais segura.

Os registros sobre profundidade são fundamentais para a determinação precisa da folga abaixo da quilha das embarcações, isto é, a distância entre o ponto mais profundo do casco do navio e o fundo do rio. No Brasil, todas as cartas náuticas oficiais são produzidas e atualizadas pela DHN.

Conheça os meios navais que participaram dos levantamentos

O Aviso Hidroceanográfico Fluvial “Rio Tocantins” tem comprimento de 25 metros e boca (largura) de 6,5 metros. É equipado com ecobatímetro monofeixe de dupla frequência e estação meteorológica. Sua tripulação é composta por 18 militares.

O Aviso Balizador “Denébola” é empregado na sinalização náutica – 

O Aviso Balizador “Denébola” é empregado na sinalização náutica. Seu comprimento é de 20 metros e sua boca mede seis metros. Comporta até sete tripulantes e tem autonomia para navegar durante uma semana, sem a necessidade de paradas para reabastecimento.

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Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

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