Fungo da série The Last of Us existe e pode ser encontrado na Amazônia

Chamado de Cordyceps, o fungo transforma formigas e outros insetos em zumbis e se propagam por esporos.

Um dos jogos de videogame mais famosos do mundo, chamado The Last of Us, chamou a atenção do público com o lançamento da série realizada pela HBO inspirada na história do jogo. 

A história se passa entre um futuro distópico onde um fungo acabou infectando as pessoas e as transformando em zumbis. O mundo pós-apocalíptico é retratado através dos personagens Joel e Ellie, que lutam pela sobrevivência em meio ao caos após a infecção do fungo.

Cena do jogo The Last of Us – Foto: Reprodução / Naughty Dog

O fungo se chama Cordyceps, e possui o ser humano como hospedeiro, com uma alta taxa de contaminação no enredo. Mas, você sabia que o fungo realmente existe e pode ser encontrado no Brasil?

O Cordyceps é um gênero de fungos que possui uma grande quantidade de espécies parasitas de artrópodes. Esses fungos infectam as vítimas com esporos, mantendo o hospedeiro vivo por um determinado período. Quando infectada, ele toma o controle do hospedeiro, sendo consumido conforme o fungo se desenvolve. Com isso, ele se prolifera no corpo até chegar no sistema nervoso central e demora cerca de duas semanas após a infecção, fazendo com que o indivíduo aja como zumbi.

Foto: Getty Images

Com o tempo, os insetos perdem a mobilidade, passando a ter convulsões e outros problemas neurológicos. Em seguida, a sua morte é iminente, e, após dias, ele começa um novo ciclo de proliferação e contágio através dos esporos soltos no ambiente.

Você deve estar preocupado se ele infecta pessoas, não é mesmo? Mas, pode ficar despreocupada, ele não infecta mamíferos e nem humanos e tem como principais hospedeiros formigas, mariposas e larvas de florestas tropicais.

 Os cordyceps na Amazônia

A Amazônia é um ambiente de floresta tropical úmida, propícia para que esses fungos se propagarem . Atualmente, três grupos de fungos Ophiocordyceps foram estudados na Amazônia (Ophiocordycepsunilateraliss.l., Ophiocordycepskiniphofioidess.l. e Ophiocordycepsaustraliss.l.) Em 1980, um estudo realizado por Carlos Fernando Salgueirosa de Andrade, relata uma Epizootia natural, conceito usado na medicina veterinária que aborda a ocorrência de contaminações de um determinado evento em um número de animais ao mesmo tempo, em formigas na cidade de Manaus.

Foto: Reprodução / Bernard Dupont

A epizootia foi causada por C.Unilaterais em formigas adultas na região do km 45 da rodovia Manaus/ Boa Vista, na BR-174, que ocorreu em julho de 1977. O local foi um ambiente de mata com pouca vegetação arbustiva, com grande quantidade de troncos caídos, às margens do igarapé do Guaraná.

Segundo o artigo, a temperatura alta e a umidade relativa favoreceram o desenvolvimento do fungo. 

“Foram coletadas cerca de 3. 500 operárias e soldados de Camponotus sp mortas pelo fungo e encontradas no solo, sob troncos caídos . Noventa por cento do material coletaáo apresentava apenas um estroma entre marrom escuro e preto. A porção apical fértil, ou seja, a almofada peritecial, apresentava-se globosa, medindo em média 1 mm de diâmetro.” 

explica trecho do artigo.

Durante as análises, foi constatado que as formigas operárias estavam carregando indivíduos que morreram pela micose, o que causou a propagação do fungo. Um possível canibalismo entre as formigas foram infectadas, elas mordiam outras mesmo depois de mortas. Confira algumas imagens de como as formigas ficaram:

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