Estudo investiga a história e diversificação das formigas de estalo

As formigas de estalo são espécies comuns e podem ser encontradas no quintal de residenciais, ou dentro de vasos de plantas, além de ambientes de florestas.

Integrar novos métodos para reconstruir a história evolutiva das formigas de estalo e entender o surgimento e diversificação dessas formigas foi a base de um estudo científico, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), desenvolvido pela pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Itanna Oliveira Fernandes. A pesquisa foi publicada na revista Systematic Entomology.

As formigas de estalo são espécies comuns e podem ser encontradas no quintal de residenciais, ou dentro de vasos de plantas, além de ambientes de florestas. São organismos que atuam na ciclagem dos nutrientes da terra e também estão presentes em áreas de preservação ambiental, funcionam como Bioindicadores, que avaliam a qualidade ambiental local.

Reprodução: Fapeam

“Para vocês terem uma ideia, as formigas de estalo (Anochetus e Odontomachus) possuem um mecanismo de fechamento e abertura de mandíbula muito rápido, considerado um dos movimentos mais rápidos da natureza animal. Essas formigas são capazes de morder a uma velocidade de 100 km/h. Esse lançamento é feito através de um movimento de gatilho muito rápido que é disparado no momento que algum inimigo ou presa toca as cerdas dispostas no clípeo dessas formigas. O barulho criado pelo fechamento das mandíbulas cria um som muito parecido com estalos, por isso o nome popular de formiga de estalo”, conta a pesquisadora.

Segundo Itanna, foi extraído o DNA (mitocondrial e nuclear) de 221 espécies das formigas Anochetus e Odontomachus. A análise de biogeografia ajudou a compreender a dispersão e ocupação dos continentes por essas formigas de hábitos e morfologia tão peculiares, que agora possuem uma proposta de estado ancestral morfológico e também filogenético.

“Com a matriz molecular, inferimos duas análises filogenéticas iniciais, uma para verificar máxima verossimilhança entre as espécies e outra utilizando a probabilidade posterior, com uma inferência bayesiana. Após a obtenção dessas árvores com a reconstrução ancestral entre as espécies, nós datamos (calibramos) esses grupos usando animais fósseis, com datação de extinção entre 17 e 20 milhões de anos atrás. Com a análise de origem e diversificação, descobrimos que as primeiras formigas de estalo surgiram a cerca de 64.8 milhões anos atrás, durante o Paleoceno e tiveram uma grande diversificação há 53 milhões de anos”, disse.

Ainda de acordo com a pesquisadora, o ancestral mais recente dessas formigas possui uma origem Africana ou Neotropical. “Nossas análises corroboram uma origem Neotropical, indicando a espécie Anochetus hohengergiae Feitosa & Delabie, 2012, como a formiga de estalo ancestral dentre todas as outras formigas. Graças ao estudo filogenético, descobrimos algumas novas espécies que estão em processo de descrição e publicação em um artigo de revisão para as espécies Neotropicais do gênero Anochetus”, acrecentou.

O apoio da Fapeam no estudo possibilitou que a equipe pudesse ir a campo, além de ter financiado uma parte da extração de DNA mitocondrial (COI) de algumas espécies que ocorrem no Amazonas.

“O auxílio concedido pela Fapeam foi de fundamental ajuda para o início das pesquisas com as formigas de estalo, e isso só demonstra a importância da Fapeam em apoiar jovens cientistas em início de carreira”, destaca.

Programa Universal Amazonas

O estudo foi apoiado pela Fapeam, por meio do Programa de Apoio à Pesquisa ( Universal Amazonas), Edital Nº030/2013. O Programa financia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento.

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