Conheça cinco línguas indígenas extintas na Amazônia

Existem, atualmente, 97 línguas indígenas em vulnerabilidade no Brasil dentre 190 línguas registradas pela Unesco

As línguas faladas por um povo são uma das partes mais características de sua identidade. Existem, atualmente, 97 línguas indígenas em vulnerabilidade no Brasil dentre 190 línguas registradas pelo Atlas das Línguas em Ameaça da Unesco, agência das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. 

Pela classificação da Unesco, além dessas 97 línguas em vulnerabilidade, temos 17 línguas ameaçadas de extinção, 19 em ameaça severa de extinção, 45 criticamente ameaçadas de extinção e 12 línguas já extintos.

Estima-se que quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, eram faladas mais de 1,5 mil línguas pelos povos indígenas. Conheça, abaixo, algumas das principais línguas indígenas extintas na Amazônia.

Foto: Eliza Capai/Greenpeace

Mura

A etnia indígena mura possui ampla participação na história brasileira, remontando ao período da colônia, quando já eram citados em documentos nos quais ficavam visíveis a sua personalidade arredia e seu espírito de resistência frente ao domínio da civilização portuguesa.

Os Mura dos rios Madeira e Solimões falavam até o início do século XX a língua Mura. Desde a época da conquista, estes índios passaram a utilizar também a língua geral (ou Nheengatu), que gradativamente foi sendo substituída pelo português.

Estima-se que em 2006 eram mais de 9 mil falantes da língua Mura. Hoje, é considerada uma língua extinta. Atualmente, a única língua mura conhecida é a pirarrã.

No presente, os Mura vêm realizando esforços de valorização e resgate linguístico e cultural das diversas “gírias” da língua Mura.

Arapaso

A língua arapaso não é falada há pelo menos um século, e sobre a mesma restou apenas o conhecimento de pouco mais que algumas palavras avulsas, tais como: mái (pai); e ihyõ (mãe). Tais palavras são lembradas até hoje pelos Arapaso e conferem com os registros do início do século XX apresentados por Alcionílio Bruzzi (1962).

Dentre os possíveis fatores que teriam levado a língua arapaso à extinção, destacam-se as guerras interétnicas pré-coloniais (com forte presença nas tradições orais desse povo), e o impacto cultural e demográfico dos conflitos coloniais e da exploração da mão de obra forçada indígena durante os séculos XVIII e XIX.

Atualmente, os Arapaso falam majoritariamente o tukano, língua franca da região do rio Uaupés. Muitos arapasos também falam o português e há ainda alguns que falam o nheengatu.

Witoto

Eram estimadas 42 pessoas falantes da língua Witoto em 2008, mas atualmente, segundo o Instituto Socioambiental, não há certeza sobre a existência de outros falantes no Brasil. Apesar disso, variações do Witoto são faladas em outros países da América do Sul.

Krenyê

Uma das línguas do tronco Jê, o Krenyê era falado por indígenas no Maranhão e no Pará. Segundo o Instituto Socioambiental, estimam-se 104 indígenas da etnia krenyê atualmente, que falam predominantemente a língua Tenetehara, do tronco Tupi.

Urupá

Língua extinta da família Txapakura, o Urupá era falado na região da Bolívia e de Rondônia, pelo povo Urupá. Os Urupá viveram em uma época que, nos escritos históricos, é delimitada entre 1840 e 1918.

Com seus hábitos culturais nômades, eles perambularam por áreas que hoje compreendem os estados de Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. Extinto, o povo Urupá dá nome a um município do estado de Rondônia.

*Com informações do Instituto Socioambiental (ISA)

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