Foto: Lucas Macedo/Rede Amazônica AM
Pesquisadores da Amazônia entregaram, na quarta-feira (20), uma carta estratégica ao presidente da COP 30, André Corrêa de Lago, e à primeira-dama Janja da Silva. O documento foi apresentado durante um encontro na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus.
A carta, elaborada desde terça-feira (19) por mais de 70 instituições acadêmicas, centros de pesquisa e representantes da sociedade civil, destaca soluções concretas e adaptadas à realidade amazônica, reforçando a necessidade de investimentos estruturantes em ciência, tecnologia e inovação.
“A floresta viva é a floresta viva com os povos da floresta. Queremos desenvolver programas e pesquisas científicas que levem dignidade entre as florestas”, disse Janja.
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O ‘Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia com a Presidência da COP30’, realizado com apoio da Presidência da República, contou com a participação de mais de 200 representantes e teve como foco alinhar a vasta produção de conhecimento da Amazônia com os 30 objetivos da Agenda de Ação da COP30.
“Pela primeira vez, não é o mundo falando da Amazônia, é a Amazônia falando com o mundo e sugerindo os passos que a humanidade precisa dar”, disse Márcio Macêdo, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) será realizada em 2025, em Belém (PA) e é considerada uma oportunidade histórica para consolidar a centralidade da Amazônia no debate climático internacional.
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O que diz a carta
Segundo o documento, a Amazônia Legal tem 405 instituições de ensino e mais de 655 cursos de pós-graduação. Cerca de 100 mil profissionais são formados por ano, mas muitos enfrentam dificuldades para atuar em áreas sustentáveis. Os autores defendem que é preciso alinhar educação, inovação e políticas públicas com urgência.
As soluções listadas foram construídas com base em seis eixos temáticos da COP30:
- Transição energética
- Gestão de florestas e biodiversidade
- Transformação da agricultura
- Resiliência urbana e hídrica
- Desenvolvimento humano
- Objetivos transversais, como financiamento climático, bioeconomia e inovação tecnológica
No eixo da transição energética, as instituições amazônicas destacam projetos com energia solar, biomassa, hidrogênio verde e microgeração descentralizada para comunidades isoladas.
Na gestão ambiental, são mencionados programas de restauração florestal, combate ao desmatamento e tecnologias para manejo sustentável com envolvimento de comunidades indígenas.
As propostas para a agricultura envolvem sistemas agroflorestais, segurança alimentar e valorização de produtos da sociobiodiversidade.
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Já no eixo urbano, as soluções apontam para arquitetura bioclimática, infraestrutura verde, gestão integrada das águas e mobilidade sustentável com foco regional.
A área da saúde propõe a adaptação dos sistemas às mudanças climáticas, com vigilância epidemiológica integrada a dados ambientais. Também há foco em formação profissional para empregos verdes, valorização de culturas tradicionais e promoção da bioeconomia por meio de inovação e empreendedorismo.
A carta também aponta obstáculos como falta de orçamento, logística precária, entraves legais e pouca valorização dos saberes tradicionais. Como resposta, propõe soluções como:
- Investimento contínuo em ciência e tecnologia
- Modernização de laboratórios e centros de dados
- Financiamento à bioeconomia e agroecologia
- Qualificação de recursos humanos
- Cooperação internacional e valorização dos conhecimentos locais
A carta reafirma que a Amazônia é protagonista na luta global contra as mudanças climáticas e defende que a implementação da política climática brasileira deve ser liderada por suas populações e instituições. A contribuição foi entregue à presidência da COP30, ao governo federal e às representantes da Amazônia no comitê científico da conferência.
“A ciência amazônica está pronta para acelerar a implementação do Acordo de Paris e garantir justiça climática para as populações da floresta, das águas e das cidades”, conclui o documento.
*Por Lucas Macedo, da Rede Amazônica AM
