Vítima de um acidente na rede elétrica, ela perdeu uma asa e foi levada ao espaço de visitação para se readaptar sob observação especializada
No mês das férias, as crianças têm um motivo a mais para visitar o Mangal das Garças: conhecer a nova atração do local, uma coruja murucututu (Pulsatrix perspicillata) com cerca de 4 anos de idade, carinhosamente batizada de Cecília. A ave ganhou uma pequena casa de madeira localizada em uma das trilhas próxima ao lago cavername. Os visitantes podem observá-la de terça a domingo, de 8h às 18h. Para entrada e permanência no Mangal é obrigatório o uso de máscara.
A Organização Social Pará 2000, que administra o Parque Zoobotânico Mangal das Garças, recebeu a coruja do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) no mês de maio, após o espécime de vida livre sofrer um acidente. Ao esbarrar em fios de alta tensão, a ave teve uma das asas gravemente ferida.
“O ferimento do animal acabou se agravando em menos de uma semana, e a coruja precisou ser transferida para o Hospital Veterinário da Universidade Federal do Pará, onde foi necessário fazer a amputação da asa que sofreu necrose”, comenta Basílio Guerreiro, biólogo do Mangal das Garças.
O biólogo conta que, durante o período em que ficou no hospital, a coruja passou por um processo de reabilitação e, posteriormente, para o bem estar do animal, retornou ao Parque Zoobotânico, onde ficou em quarentena até ser reinserida no local. “Após o retorno da Cecília ao Mangal, começamos um novo projeto de readaptação e readequação, para que a ave se sentisse à vontade e se acostumasse com a visitação das pessoas”, explica Basílio.
Ele diz estar esperançoso quanto à adaptação da coruja ao novo espaço e que ela está progredindo, no que diz respeito à interação com os frequentadores. “Começamos a expor a Cecília aos poucos ao público, e pedimos que as pessoas tenham cautela ao vistá-la. Caso ela esteja dormindo, por exemplo, evitar ruídos e agitação proposital da ave. Ela se encontra em período de adaptação, por isso precisa de todo respeito possível à sua rotina”, adverte Guerreiro.
Olívia
A Coruja Cecília é a segunda da espécime a ser recebida pelo Mangal das Garças. A primeira foi batizada de Olívia e chegou ao Parque no ano de 2020. Para quem deseja ver a Olívia de perto, atualmente a coruja faz um passeio com o técnico ambiental Rafael Nagen, de terça a sexta, das 17h às 18h, pelos espaços do Mangal. Além de contemplar a ave, os visitantes recebem uma explicação sobre o modo de vida do espécime.
Curiosidades
A coruja-murucututu é a maior dentre os espécimes do gênero em florestas tropicais úmidas do novo mundo, com um peso médio de 750 gramas, medindo 78 centímetros de comprimento.
Não existe dimorfismo sexual, ou seja, não existem diferenças estéticas entre os machos e fêmeas que não envolvam os órgãos sexuais. As aves adultas possuem o dorso, o pescoço e a face marrom escuro, do peito até próximo a cauda é bege, abaixo do bico há uma faixa branca.
A característica mais destacada na ave são linhas na face de cor branca, dando o formato de “x”. Os olhos são grandes, de coloração amarela e a íris preta. O filhote possui uma plumagem branca e a face negra.
É uma ave carnívora, sendo que entre as presas em potencial estão as cotias, cangambás, doninhas e gambás. Ela também ataca aves tão grandes quanto o japu, corvo, gralhas e gaios. Se alimenta de grandes insetos, lagartos e crustáceos de água doce. Os roedores, morcegos, répteis e artrópodes também fazem parte da sua dieta.