Caça de subsistência na Amazônia ganha destaque em publicação internacional

“Rumo a um setor de carne silvestre inclusivo, participativo e sustentável” (“Towards a sustainable, participatory and inclusive wild meat sector”, no original) apresenta um cenário atual do conhecimento sobre o uso da carne silvestre no mundo. Recém-lançado pela Center for International Forestry Research (CIFOR) em resposta a uma demanda da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), o livro traz contribuições de especialistas em diversas áreas, com experiências e informações sobre as principais causas e impactos da caça e também recomendações em como melhorar a gestão da carne de origem silvestre.

Na Amazônia brasileira, o Instituto Mamirauá é uma das principais organizações que investiga e monitora o tema, e o pesquisador Hani El Bizri é co-autor da publicação. O biólogo participou da escrita e revisão de todo o livro, fornecendo, em especial, informações relativas à caça na Amazônia e a legislação vigente sobre o tema no Brasil, com foco na caça de subsistência, ou seja, a caça que é feita com fins de alimentação e sobrevivência.

Confira aqui a versão digital da obra, escrita em inglês

Unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o Instituto Mamirauá acompanha há mais de uma década práticas tradicionais de caça de subsistência em comunidades da região. Cursando um doutorado na Universidade Metropolitana de Manchester, Hani El Bizri vem analisando nos últimos anos métodos de caça e a ecologia e reprodução da paca (Cuniculus paca), animal cuja carne é muito apreciada localmente.
 

Foto: Arquivo/Hani El Bizri/Instituto Mamirauá
Carne silvestre garante subsistência de milhões

A carne silvestre provém de mais de 500 espécies de vertebrados, as quais são consumidas e comercializadas globalmente. Em comunidades rurais remotas, a carne de caça é uma importante e, por vezes, a única fonte de proteína.

“A vida selvagem frequentemente desempenha um papel importante nas comunidades rurais como fonte de alimento, renda, medicina, (…), um meio de fortalecer os laços sociais ou como parte de um sistema mais amplo de relações sociofísicas interconectadas e de identidade”, ponderam os autores da obra.

A demanda de grandes centros urbanos por carne silvestre sem o devido controle de governos está ameaçando populações de animais ao ponto de criarem risco de serem extintas.
 

Foto: Arquivo/Hani El Bizri/Instituto Mamirauá 

Os pesquisadores propõem a criação de um setor sustentável de carne silvestre para proteger as espécies caçadas e o direito alimentar de populações tradicionais, formadas por milhões de pessoas no planeta. 

“Este é um livro que contém todas as informações que conseguimos reunir sobre como tornar o setor de carne silvestre sustentável. Sabemos que as pessoas ao redor do mundo, especialmente nos trópicos e subtrópicos, estão usando animais silvestres como fonte de alimento, e deve haver uma forma unificada de entender como podemos ajudar essas comunidades e governos a desenvolver práticas sustentáveis”, afirma em entrevista recente John Fa, pesquisador da Universidade Metropolitana de Manchester (MMU) e um dos autores da publicação.
 

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