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Sexta, 26 Abril 2024

Menor macaco do mundo vive na Amazônia: conheça o sagui-pigmeu

Foto: Don Faulkner/ Wikimedia Commons/ CreativeCommons

Você provavelmente gosta de algum animal e talvez até já tenha se perguntado se existe alguma espécie gigante ou pequenina dele. Acontece que muitas das perguntas relacionadas a animais e seus tamanhos, em algum momento, envolvem a Amazônia. 

Um exemplo é o Sagui-pigmeu, considerado a menor espécie de símio do mundo. Também conhecido como Sagui-leãozinho, esse macaquinho foi descoberto pela primeira vez em 1823 pelo naturalista alemão Johan Spix. 

Foto: Reprodução/Prefeitura de São Carlos-SP

Entre 1817 e 1820, o botânico Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868) e o zoólogo Spix participaram de uma expedição austríaca pelo interior do Brasil, promovida entre a arquiduquesa Maria Leopoldina e o príncipe herdeiro e futuro imperador do Brasil, Dom Pedro.

A viagem começou no Rio de Janeiro, que na época era a capital nacional, e percorreu partes do Sudeste, do Nordeste e do Norte. Perto do final da expedição pela Amazônia, a dupla de naturalistas separou-se depois de ter chegado à localidade de Tefé, no Amazonas.

Martius subiu o rio Japurá, mais ao norte, antes de retornar para Manaus, em março de 1820. Spix foi até (a então vila de) Tabatinga, às margens do rio Solimões, hoje território do Estado do Amazonas.

Johann Baptist von Spix. Foto: Franz Hanfstaengl /Wikimedia Commons 

Nesse ponto da floresta, perto da fronteira com a Colômbia, o zoólogo recebeu como presente, acredita-se que dos indígenas Tikuna, um exemplar de um pequeno macaco morto. Com cerca de 15 centímetros de comprimento (sem contar o rabo) e por volta de 100 gramas de peso, o primata foi descrito por Spix e recebeu o nome de Cebuella pygmaea

Em seu trabalho, o naturalista indicou que o animal era proveniente da região de Tabatinga, porém, não deixou claro se o sagui era da margem direita ou esquerda do Solimões. 

Ilustração do sagui-pigmeu. Foto: Reprodução/Fapesp

Características 

De acordo com estudos, o pequenino possui cerca de 15 centímetros de comprimento e pode pesar até 130 gramas. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Salford, em Manchester, no Reino Unido, em parceria com cientistas de quatro instituições brasileiras, descobriu (em 2018) que, na verdade, a espécie não é uma, mas duas.

A equipe reuniu evidências que provam que, por volta de 2 a 3 milhões de anos atrás, o sagui-pigmeu se dividiu em duas espécies: Cebuella pygmaea pygmaea e Cebuella pygmaea niveiventris.

Mapa com a distribuição geográfica das duas espécies de sagui. Foto: Reprodução/BOUBLI, J. P. Zoological Research. 2021

Os Sagui-pigmeus são encontrados na Floresta Amazônica internacional, no Brasil, Colômbia, Peru e Equador. Eles se alimentam principalmente de insetos e aracnídeos, mas também de frutas, folhas e seiva.

São animais diurnos e arbóreos que se movem silenciosamente dentro da floresta, geralmente próximos aos rios, podendo apresentar uma alta densidade nestes habitats, mais de 200 indivíduos/km².

Os primatas permanecem no território até que os alimentos se esgotem. Quando isso ocorre, eles vão para outras áreas, migrando de meio e um quilômetro por vez, sempre em bandos. 

Foto: Mike Peel/Wikimedia Commons 

Trabalhos conduzidos com esta espécie registraram populações que variavam de 5 a 9 indivíduos habitando copas de árvores. A coloração da pelagem é uma mistura de castanho e dourado.

A espécie é considerada monogâmica, na qual, as fêmeas adultas e sub-adultas são maiores que os machos. Os nascimentos acontecem duas vezes por ano, tendo de 1 a 3 filhotes, entretanto o nascimento de gêmeos é frequente. 

Os filhotes deixam de ser amamentados quando atingem três meses de idade e com seis meses já são considerados independentes.

Conservação 

O sagui-pigmeu é considerado pouco preocupante no status de conservação, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), de 2008, e o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. 

Apesar da classificação, a população apresenta um declínio contínuo no número de indivíduos e está listada no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES).

Foto: Eleonora Grigorjeva/Getty images

As principais ameaças à presença da espécie em determinadas localidades está relacionada às causas antrópicas no ambiente, como a perda e fragmentação de habitats devido a produção agrícola e pecuária, presença de assentamentos rurais e aumento de matrizes rodoviárias. Isso acaba impactando na sobrevivência do Sagui-pigmeu, devido a diminuição da disponibilidade e acesso aos recursos naturais. 

As populações do alto rio Madeira também sofreram uma grande redução populacional, devido ao impacto do desmatamento em áreas próximas e ao entorno do complexo de UHE do Alto Madeira. A caça internacional em algumas regiões do Equador e Colômbia para a comercialização da espécie a título de animal de estimação é mais um fator contribuinte para a diminuição de sua população, sendo também o principal motivo para a inclusão no apêndice I do CITES em 1977-1979 e mais tarde no apêndice II.

Em terras brasileiras, o Sagui-pigmeu se encontra protegido em seis unidades de conservação, dentre elas o Parque Nacional da Serra do Divisor, Abufari Reserva Biológica (margem esquerda do Rio Purus), Estação Ecológica Rio Acre, Estação Ecológica Juamí-Japurá, Reserva Ecológica Jutaí-Solimões, Estação Ecológica Mamirauá, Parque Ambiental Chico Mendes, Parque Zoobotânico e Serra Três Irmãos. 

Referências

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