É fato que a preservação e conservação da Floresta Amazônica é fundamental para a manutenção do equilíbrio do planeta Terra como um todo. Com o intenso desmatamento, que ocasiona em uma maior emissão de CO2, ocorre o aumento do aquecimento global. Esse aquecimento ocasiona o declínio da biodiversidade amazônica.
Nesse sentido, um estudo publicado na revista científica PeerJ, ‘Efeitos sinérgicos das mudanças climáticas e da paisagem na conservação de lagartos amazônicos’ (em tradução livre), explorou o fato com foco nos lagartos da região.
O Portal Amazônia mostra os principais pontos do estudo, o primeiro a relacionar as mudanças climáticas e da paisagem e seus efeitos na distribuição de lagartos tropicais.
O estudo
O artigo publicado foi resultado da colaboração de cinco pesquisadores do Museu Goeldi, Instituto Tecnológico Vale, Universidade Federal do Pará e Instituto Federal Goiano.
Estes pesquisadores investigaram de que forma os efeitos das mudanças climáticas aliado a perda e fragmentação do habitat natural estão provocando a perda da biodiversidade de 63 espécies de lagartos da Amazônia.
Além disso, verificaram quais destas espécies devem ser avaliadas e conservadas devido ao risco de extinção.
“As florestas amazônicas exercem naturalmente controle sobre as chuvas e a temperatura por meio da evapotranspiração, especialmente atenuando os extremos climáticos mais secos ( Sampaio et al., 2018). Ainda assim, as interações sinérgicas das consequências dessas projeções climáticas com eventos de mudança da paisagem, como desmatamento e incêndios, podem limitar esse mecanismo e resultar em efeitos adversos sobre a biodiversidade ( Marengo et al., 2018 ). Prevê-se que o desmatamento em escala local mude as condições climáticas locais, como temperatura média ou frequência de chuvas ( D’Almeida et al., 2007 )”.
Trecho do artigo ‘Efeitos sinérgicos das mudanças climáticas e da paisagem na conservação de lagartos amazônicos’.
Lagartos e o metabolismo ectotérmico
Lagartos são da classe de animais denominada répteis. Dentre suas principais características está o metabolismo ectodérmico, ou seja, não regulam e não possuem temperatura corporal constante.
Devido a esse fator, tornam-se mais vulneráveis às consequências das mudanças climáticas e da paisagem nas regiões tropicais.
Estimativas
O estudo aponta que grande parte dos répteis exclusivos da região amazônica – endêmicos – podem enfrentar reduções em suas populações nas regiões próximas à Bacia Amazônica.
De acordo com os autores, cerca de 23% das 63 espécies estudadas precisam de atenção especial para amenizar a combinação dos efeitos adversos das mudanças climáticas e da paisagem.
Dentre as espécies que merecem maior atenção quanto à sua conservação estão:
- Enyalius leechii;
- Polychrus liogaster;
- Stenocercus roseiventris;
- Uracentron a. azureum;
- Cercosaura eigenmanni;
- Neusticurus rudis;
- Dactyloa punctata;
- Bachia flavescens.
“Entre as 63 espécies avaliadas neste estudo, Stenocercus fimbriatus Avila-Pires, 1995 apresentou o menor número de registros ( N = 10) e Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) apresentou o maior número de ocorrências ( N = 493) ( Tabela S1 ) . Todas as espécies são consideradas menos preocupantes na Lista Vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (2018), enquanto as espécies Colobosaura modesta (Reinhardt & Luetken, 1862) e Norops brasiliensis (Vanzolini & Williams, 1970) são consideradas espécies ameaçadas no estado do Pará (Brasil) ( Albernaz & Ávila-Pires, 2009)”.
Trecho do artigo ‘Efeitos sinérgicos das mudanças climáticas e da paisagem na conservação de lagartos amazônicos’.
Consequências no futuro
O estudo também assinala que mudanças severas na paisagem podem dificultar a dispersão das espécies de lagartos amazônicos e limitar sua capacidade de rastrear condições adequadas, levando a maior risco de extinção.
Os autores apontam que os principais fatores reconhecidos como ameaças à biodiversidade atualmente são as alterações climáticas e a perda de habitats naturais.
Por fim, ressaltam a importância das áreas protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas) para a proteção da biodiversidade.