A matrinxã é um peixe de escama nativo da Amazônia apreciado pelo amazonense. É a segunda espécie mais criada no Estado, ficando atrás apenas do tambaqui.
A matrinxã é um peixe de escama nativo da Amazônia apreciado pelo amazonense. É a segunda espécie mais criada no Estado, ficando atrás apenas do tambaqui. O peixe possui comportamento agressivo e altas taxas de mortalidade, em especial durante a larvicultura podendo trazer perdas econômicas de até 90% para os criadores.
Na cartilha ilustrada, são encontradas orientações práticas sobre a biologia da matrinxã, os fatores que afetam a frequência e a intensidade do comportamento agressivo e do canibalismo e como reduzi-los. Entre eles estão o tamanho do grupo, temperatura do ambiente, luminosidade, heterogeneidade do grupo, densidade de estocagem (quantidade de indivíduos por metro cúbico) e níveis de hormônios.
“Os temas discutidos podem responder dúvidas de pequenos piscicultores e contribuir para a formação de técnicos de nível médio e superior que atuam na produção de matrinxã”, destaca a organizadora da obra e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Thaís Billalba.
Na matrinxã, a larvicultura é uma das etapas mais difíceis na sua criação, por ser a fase em que as larvas apresentam um comportamento altamente agressivo e de canibalismo, prejudicando o bem-estar, o crescimento e a sobrevivência dos peixes.
Os autores explicam que a maior taxa de mortalidade entre as larvas ocorre no período em que aumenta o canibalismo, resultando também em ferimentos causados por interações agressivas.
Durante a larvicultura o produtor precisa tomar alguns cuidados para garantir o fornecimento de peixes de boa qualidade a fim de obter sucesso na recria e engorda. É necessário evitar a exposição ao excesso de iluminação, ter cuidado no regime de alimentação (frequência e quantidade de alimento fornecido), densidade de estocagem adequada nas incubadoras e manutenção da qualidade da água.
Pesquisa e Extensão
Produzida pela Editora Inpa, a obra foi escrita por 15 autores, que usaram estudos desenvolvidos no Programa de Pós-Graduação em Aquicultura (Programa da Universidade Nilton Lins em ampla associação com o Inpa) e na Ufam, por meio do Laboratório Experimental de Fisiologia e Comportamento de Animais Aquáticos (LEFCAQ) e da Estação de Aquicultura da Fazenda Experimental (Faexp).
A publicação foi produzida no âmbito do projeto “Implantação de Unidades Demonstrativas Agroflorestais na Amazônia (Iudaa/Inpa), financiado pela Finep, sob coordenação geral da titular da Coordenação de Tecnologia Social, Denise Gutierrez, e da coordenadora da área de piscicultura, a pesquisadora do Inpa e coordenadora do PPG-Aquicultura Elizabeth Gusmão.
Para Gusmão, as orientações socializadas na cartilha são uma forma de contribuir com o desenvolvimento da piscicultura no Amazonas, como uma demanda da sociedade. “Além desta cartilha, que muito vai contribuir com as pesquisas sobre matrinxã, é previsto o lançamento de duas outras para o 1º semestre de 2021, que são “Criação de peixes na Amazônia – 2ª edição” e Criação de espécies nativas em sistema de bioflocos”, adiantou.
As publicações estão sendo elaboradas por professores e alunos do PPG-Aquicultura, colaboradores e pesquisadores do Inpa. Segundo Gusmão, o Grupo de Pesquisa em Aquicultura do Inpa está com pesquisas em andamento sobre o uso dos resíduos de bioflocos como farinha para substituir a proteína animal na ração, e seu aproveitamento na aquaponia. “Uma ração 100% orgânica, com ingredientes regionais está em fase final de teste e deverá ainda em 2021 ser disponibilizada ao setor produtivo”, revelou a pesquisadora do Inpa.
Os interessados poderão ter acesso a versão online da cartilha pelo link https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/36646 ou entrar em contato pelo e-mail thaisbillalba@ufam.edu.br para obter mais informações.
Saiba Mais
De carne saborosa e apreciada pelo amazonense, a matrinxã apresenta outras características atrativas para a produção como reprodução em sistema artificial conhecida e realizada por meio de hipofisação (injeção de hormônios), espécie aceita bem a ração disponível, apresenta rápido crescimento na larvicultura e alevinagem, boa conversão alimentar e aceitação para produção em sistema artificial (viveiros e barragens).
Cartilha