De origem amazônica, o cacau era consumido na floresta há 5,5 mil anos

De consumo frequente principalmente para ‘chocólatras’, o cacau, diferente do que se imaginava, não tem origem na América Central, mas sim na Amazônia Internacional.

Sucos, achocolatados, cocada, bolo e trufas. Todas essas comidas tem em comum um ingrediente: o cacau. 

De consumo frequente no Brasil e na região amazônica, principalmente para os famosos ‘chocólatras’, o cacau, diferente do que se imaginava, não tem origem na América Central, mas sim na Amazônia Internacional. 

O Portal Amazônia mostra evidências de que essa especiaria, fazia parte do consumo de populações da amazônia equatoriana há cerca de 5,5 mil anos. Confira a seguir:

Foto: Divulgação/USDA

 O estudo

Estudo realizado em 2013 por uma equipe internacional de cientistas no periódico especializado Nature Ecology & Evolutionses identificaram evidências químicas e físicas de restos de uma grande cultura de cacau no sudeste do Equador.

A descoberta mostra que o cultivo e manejo da planta em território amazônico é cerca de um milênio e meio mais antigo do que o registrado na América Central e no México, lugares onde os europeus tiveram contato pela primeira vez com o cacau.

Um dos  vestígios de recipientes foram encontrados na província de Zamora Chinchipe, na Amazônia equatoriana. Na época do estudo, o pesquisador Francisco Valdez, responsável pela pesquisa, declarou que o cacau surgiu na alta Amazônia e de lá, foi levado à América Central, onde ganhou uma importância cultural muito grande

De acordo com o estudo, seu uso social foi iniciado há 5,5 mil anos, segundo os testes de carbono 14 a que foram submetidos os vestígios encontrados na cultura Mayo-Chinchipe-Marañón, descoberta em 2002 na região e que aparentemente se estendeu pela floresta peruana até o maior afluente da parte alta do rio Amazonas.

Na América Central, existem dados do uso do cacau, por parte da cultura Olmeca, que nos remetem há 3 mil anos, quando obteve um desenvolvimento importante e se estendeu pela Guatemala, Honduras e Nicarágua, além do México e da América do Norte.

 Importância

Há muitos esteriótipos acerca das populações nativas da região amazônica antes da colonização europeia, uma delas é que as sociedades não possuíam relações comerciais e sociais complexas.

A descoberta arqueológica da origem do cacau mostra, que a cultura Mayo-Chinchipe-Marañón, que pode ser considerada uma das primeiras sociedades da alta Amazônia, possuíam uma organização sofisticada e tinha relação com culturas dos Andes e da costa do Equador.

Além de outros vegetais, como a mandioca, os amazônicos também levavam cacau para o litoral, onde também floresceu a cultura Valdivia, uma das mais antigas da América do Sul e que habitou a zona tropical do Equador há cerca de 6 mil anos.

Estas e outras descobertas arqueológicas poderiam contrariar a história antiga, sobretudo a visão de que a Amazônia era selvagem e que a floresta impedia o desenvolvimento de cultivos.

Pó de cacau é utilizado na produção de várias receitas. Foto: Reprodução/Sabor na Mesa

No Brasil

No Brasil, o cultivo de cacau foi iniciado em 1679 pelos colonizadores portugueses. Primeiramente, foi introduzido no Pará, mas foi no sul da Bahia que encontrou boas condições para o desenvolvimento. No entanto, na final da década de 1980, a cultura quase foi dizimada por conta de uma doença causada por fungo.

O retorno da produção nacional vem ocorrendo graças à seleção de variedades mais resistentes. Atualmente a lavoura ocupa uma área de 618,3 mil hectares no País, e colhe (colhendo) uma safra de 269,1 mil toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de a maior área de plantio estar na Bahia, em 440 mil hectares, 71,2% da área de cacau no País, o Pará é o maior produtor, com 144,2 mil toneladas numa área de 149,7 mil hectares. A produção baiana, por sua vez, é de 106 mil toneladas. Juntos somam 93% da produção nacional.

No ano de 2020, o estado do Pará, considerado o maior produtor do país, chegou a comercializar cerca de 140 mil toneladas do produto.

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