Bionegócio sustentável: comunidade indígena peruana produz mel de abelha sem ferrão

A comunidade Maijunas, em Loreto, está comprometida com a produção sustentável de mel feito por abelhas sem ferrão.

Foto: Divulgação/Agência Andina

Um dos projetos sustentáveis ​​promovidos na região de Loreto, no Peru, são os bionegócios, como a extração de mel de abelhas sem ferrão. Este produto natural é desenvolvido por moradores da comunidade nativa Maijunas, localizada às margens do barranco Sucusari, um afluente do Rio Napo, na província de Maynas.

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O mel é hoje consumido por mais pessoas devido aos seus nutrientes e à sua importância na melhoria da saúde, segundo estudos do Instituto de Pesquisas da Amazônia Peruana (IIAP).

As abelhas estão entre os insetos mais importantes do mundo porque são essenciais para a preservação do ecossistema e a produção de alimentos. Entre as diversas espécies de abelhas que habitam a vasta Amazônia, há uma que foi ignorada por décadas, apesar de guardar segredos enormes e pouco estudados: a abelha sem ferrão da Amazônia, espécie valorizada hoje por sua essência, que permite o desenvolvimento de produtos medicinais para consumo humano.

Cerca de 170 pessoas vivem na comunidade de Maijunas. Seu fundador, Dom Sebastián Ríos Ochoa, conta que a maioria das famílias se dedica à preservação das abelhas sem ferrão com o objetivo de melhorar o processo produtivo e artesanal de criação da espécie de forma natural no município citado e nas áreas rurais. Naquela época, a produção de mel na Amazônia era artesanal. Ao longo dos anos, o projeto também adquiriu um foco de sustentabilidade, com o apoio de especialistas na área. 

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Douglas Ríos é um dos principais coletores de mel de “caixas racionais”, utilizando seringas para evitar vazamentos e danos às estruturas da colmeia amazônica. A técnica tradicional usada pelos Maijunas para obter mel de abelhas nativas se baseia na busca por ninhos selvagens na selva, geralmente localizados no oco do tronco de uma árvore, viva ou morta, e no acesso à estrutura da colmeia onde o mel e o pólen são encontrados.

Atualmente, entre as comunidades indígenas e mestiças, o mel das abelhas nativas é vendido em mercados informais ou trocado por necessidades básicas. Também é usado para preparar bebidas alcoólicas que são consumidas em eventos sociais.

Através de estudos compilados pelo IIAP, esses usos deslocam o valor medicinal tradicional do mel, cujos benefícios ou “receitas” servem para curar ou tratar: gripe, problemas brônquicos, mulheres com infertilidade, reumatismo, coqueluche, tosse, anemia, artrite e também para fortalecer o sangue e fortalecer o corpo e o espírito. 

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Foto: Divulgação/Agência Andina

O mel geralmente é vendido em garrafas plásticas recicladas de refrigerantes ou outras bebidas, normalmente com 625 ml de volume.

Com 391.000 hectares designados para conservação, o povo Maijuna agora sonha e luta para preservar e utilizar de forma sustentável os recursos naturais de seu habitat e da bacia do Rio Napo.

*Com informações da Agência Andina

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