Foto: Oleksandr Ryzhkov/Freepik
O Suriname é um país localizado no nordeste da América do Sul, banhado pelo Oceano Atlântico ao norte e limitado pela Guiana a oeste, pela Guiana Francesa a leste e pelo Brasil ao sul. Essa localização o faz também ser parte da Amazônia, em função da presença do bioma no país.
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Situado pouco ao norte da linha do Equador, mais de 94% do território do país é coberto por florestas segundo um relatório da Food and Agriculture Organization (FAO) de 2015, o que representa o maior percentual de cobertura florestal do mundo em um único país.
Grande parte dessa floresta permanece praticamente intacta, em especial nas regiões mais remotas e de difícil acesso, o que contribui para a preservação da vida silvestre e dos recursos naturais.
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Desmatamento e concessões ilegais no Suriname
Mas o país enfrenta uma série de crimes ambientais recorrentes, que incluem principalmente o desmatamento ilegal, a mineração aurífera informal e o tráfico de vida selvagem, todos com sérios impactos ecológicos e sociais e reconhecidos pelo governo do Suriname.
De acordo com dados recentes informados pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 32% do território dos Saamaka, povo quilombola que vive no país, o que equivale a 447 mil hectares, já foi concedido sem o consentimento livre, prévio e informado de suas comunidades.
Esse processo resultou em mais de 60 mil hectares de floresta degradada ou desmatada. É o que aponta um relatório da Land Coalition:
“Novos dados revelam que a exploração madeireira ilegal está devastando as florestas do Suriname O governo concedeu ilegalmente 32% do território Saamaka, causando mais de 60.000 hectares de floresta danificada ou degradada”.
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Flora e fauna da Amazônia do Suriname
A floresta amazônica do Suriname exibe uma diversidade impressionante. Estima-se que mais de 5.000 espécies de plantas ocorram na Reserva Natural do Suriname Central, uma das principais áreas de conservação reconhecidas internacionalmente.
Nas florestas de dossel, árvores que chegam a 50 metros de altura formam copas densas, criando um ambiente sombreado onde prosperam inúmeras espécies vegetais.
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No que se refere à fauna, esses ecossistemas abrigam grandes mamíferos como jaguares (onças-pintadas), preguiças e a lontra gigante do rio. O país também é habitat de oito espécies de primatas e cerca de 400 espécies de aves, incluindo a harpia, o galo-da-serra e a arara canga. Em áreas específicas, como a savana de Sipaliwini, foi descoberta a rã-dardo-azul, uma espécie endêmica.
Nos arredores da capital, Paramaribo, encontram-se florestas pantanosas costeiras com vegetação adaptada às inundações, que fazem transição para manguezais e florestas submontanas. Nesses ambientes vivem aves especializadas, como o íbis-scarlet e outras espécies aquáticas.
Comunidades na Amazônia surinamesa
A Amazônia do Suriname não se resume à fauna e flora. Ela também é habitada por comunidades tradicionais que mantêm modos de vida estreitamente ligados ao território. As comunidades indígenas Christiaankondre e Langamankondre, do povo Kali’na, desenvolvem práticas de gestão sustentável, incluindo manejo de resíduos, como forma de preservar o equilíbrio da floresta ao longo de gerações.
Outro grupo de grande relevância é o dos saramacanos, descendentes de africanos que escaparam da escravidão e formaram comunidades quilombolas na floresta. Atualmente, cerca de 90 mil saramacanos vivem em mais de sessenta vilarejos espalhados pelo interior do país.
Eles mantêm organização social própria, idioma distinto e tradições religiosas e culturais preservadas. Grande parte dessas comunidades se distribui ao longo dos rios, utilizando as águas como via de transporte, sustento e parte essencial da vida cotidiana.
O vídeo a seguir, publicado no canal ‘Histórias Vivas – Gente, vida, documentales’, no Youtube, destaca a rotina de parte do povo surinamês, que encontra na natureza não apenas recursos de subsistência, mas também elementos fundamentais que moldam a identidade cultural:
Conservação e desafios ambientais
A busca pela preservação do ambiente amazônico no Suriname é realizada por meio de unidades de conservação como a Reserva Natural do Suriname Central. A reserva, com cerca de 1,6 milhão de hectares, é um dos maiores exemplos de áreas protegidas do país. Nela estão nascentes de rios e ecossistemas fundamentais para a biodiversidade regional.
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Ainda assim, apesar da elevada cobertura florestal, o país segue enfrentando pressões ambientais. Documentos recentes emitidos pelo governo do Suriname e alertados por diversas agências de notícias apontam que o governo avalia liberar centenas de milhares de hectares para agricultura, pecuária e aquicultura.
Caso todos os projetos sejam implementados, isso poderia significar a perda de, pelo menos, aproximadamente 2% da cobertura florestal. Essa possibilidade traz atenção para a necessidade de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental no país.
