Etnia indígena que faz oposição, por conta de sua mitologia, tanto ao homem branco quanto a outras populações indígenas.
Canoeiros, os Yudjá são antigos habitantes das ilhas e penínsulas do baixo e médio Xingu, um dos rios mais importantes da Amazônia meridional, atualmente ameaçado por projetos de implantação de complexos hidrelétricos.
Há cerca de cem anos, este povo acha-se separado em dois grupos por uma enorme distância. Uma parte vive na região de ocupação muito antiga, o médio Xingu, na tão diminuta Terra Indígena Paquiçamba e adjacências não contempladas pelo reconhecimento oficial, bem como em Altamira (Pará). A outra parte vive no alto curso do mesmo rio, na área do Parque Indígena do Xingu (PIX) criado em 1961, no estado do Mato Grosso.
Sua autodenominação é Yudjá [Yudya; em escrita fonêmica: Iuja], entretanto Yuruna não apenas é usado como auto-referência como prevalecia antes da introdução de escolas nas aldeias, em meados dos anos 1990, quando vem passando a ser considerado incorreto.
Os Yudjá fazem oposição a dois coletivos humanos: os Abi (“Índios”, em glosa juruna) incluem todos os povos indígenas que nem são falantes do juruna, nem produtores de cauim ou navegadores tradicionais da bacia do Xingu
Os Yudjá são retratados em sua mitologia como a humanidade prototípica(os primeiros humanos), isto é, canoeira e produtora de cauim; os Abi(indígenas que não pertencem a tribo) provêm dos Yudjá que se perderam nas matas após o dilúvio e se tornaram Selvagens (imama: Outros, bravios, caçadores nômades, não-canibais, não-produtores de cauim). Já os Karaí (homens brancos) provêm de guerreiros que, após provocarem a separação entre os Yudjá e seu Criador, negando-lhe carne de Abi, fizeram contra ele uma perseguição que o motivou a virar sua fala pelo avesso (daí derivando o português) e dar-lhes um curral de gado para torná-los sedentários.
* Com informações do Instituto Socioambiental