Ngaimotxi Kajkwakratxi

Liderança indígena e símbolo da resistência do povo Tapayuna na luta pela demarcação do território tradicional da etnia no Mato Grosso.

Ngaimotxi Kajkwakratxi. Foto: Gabriele Viega Garcia/IHB

A anciã Ngaimotxi Kajkwakratxi foi uma liderança indígena do povo Tapayuna no Mato Grosso. Ela ganhou notoriedade por ser uma das lideranças dos Tapayuna na luta pela demarcação do território tradicional da etnia, localizado no noroeste do estado, na região da bacia do rio Arinos, perto do município de Diamantino (180 km de Cuiabá).

Ela cresceu na aldeia Huitarekô, próxima do córrego Huaré, até ser obrigada a sair para vivenciar a triste epopeia de seu povo: : o genocídio e desterro aos quais foram submetidos os Tapayuna na segunda metade do século XX.

E a etnia quase foi extinta, pois boa parte morreu em dois envenenamentos dolosos nas décadas de 1950 e 1960. Posteriormente, em 1970, uma expedição da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) levou uma epidemia de gripe que quase dizimou o restante da população, restando apenas 41 sobreviventes.

Na ocasião, eles ainda viviam em seu território tradicional. Porém, em 1976, alguns anos após quase serem exterminados, o Governo Federal publicou o decreto 77.790, extinguindo a Reserva Indígena Tapayuna, que havia sido demarcada em 1968. E assim os poucos sobreviventes foram realocados para o Território Indígena do Xingu e lá viveram até meados dos anos 80.

Após a morte de um importante pajé, parte do grupo foi morar com os Mebengôkrê (Kayapó), na Terra Indígena Capoto-Jarina. Atualmente a população soma cerca de 160 indivíduos, considerando filhos de casamentos com os Mebêngôkre e Kĩsêdjê, com os quais vivem nas terras indígenas Capoto Jarina e Wawi, ambas em Mato Grosso.

Algumas famílias conseguiram fundar uma aldeia própria na Terra Indígena Wawi, inclusive era onde Ngaimotxi vivia. Os Tapayuna resistiram e vivem um processo de reemergência e fortalecimento como povo. Eles lutam por autonomia e pela retomada do território tradicional. Ngaimotxi Kajkwakratxi foi uma das protagonistas desta reorganização.

Ngaimotxi faleceu no dia 26 de janeiro de 2022, aos 76 anos, no Hospital Municipal de Querência após uma parada cardíaca e um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI). 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Publicidade

Mais acessadas:

Legistas da floresta querem saber: as grandes árvores da Amazônia estão morrendo?

O projeto Gigante, que começou na Amazônia em junho de 2024, está iniciando um protocolo que utiliza levantamentos feitos por drones combinados com verificações de solo para avaliar a mortalidade de árvores tropicais de grande porte.
Publicidade

Leia também

Publicidade