Festival Folclórico de Parintins

O Festival Folclórico de Parintins, disputado pelos bois-bumbás Garantido e Caprichoso, ocorre anualmente na última semana de junho em Parintins, no Amazonas.

Arena dos bumbás Caprichoso e Garantido. Foto: Divulgação/Governo do Amazonas

O Festival Folclórico de Parintins é uma manifestação cultural de caráter festivo, que tem a figura do Boi como seu elemento principal e envolve uma série de danças, músicas, drama e enredo. O folguedo ou a brincadeira do Boi teria chegado na Amazônia por meio das missões jesuíticas, em seu esforço de catequização ao longo do século XVII, retomando tradições presentes no Mediterrâneo europeu e agregando influências indígenas e negras.

Já no período de migração para a região amazônica, por conta da exploração das seringueiras e da produção da borracha, essas manifestações da brincadeira do Boi também receberam referências de outras regiões do país, principalmente nordestinas.

Assim surgiu o Boi de Arena, modalidade do folguedo que se estabeleceu de forma especial na cidade de Parintins (AM) e apresenta características muito específicas. O Festival Folclórico de Parintins, referência dos estudos sobre o Boi de Arena, ocorre anualmente na última semana de junho.

Durante três noites, dois grupos de Boi-Bumbá, Garantido e Caprichoso, revezam-se em apresentações de caráter competitivo, no espaço conhecido como Bumbódromo. O local, assim chamado em alusão ao Sambódromo do Rio de Janeiro (RJ), se pinta nas cores do Boi e milhares de pessoas se dividem entre as duas arquibancadas – uma vermelha, do Garantido; e outra azul, do Caprichoso – enquanto um corpo de jurados avalia a performance dos grupos e decide pelo grande campeão.

História

Em 1965 aconteceu o primeiro Festival Folclórico de Parintins, criado por um grupo de amigos ligados à Juventude Alegre Católica (JAC), entre os quais Xisto Pereira, Jansen Rodrigues Godinho, Lucinor Barros e Raimundo Muniz, então presidente da entidade, além do padre Augusto, com o objetivo de arrecadar fundos para a construção da Catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Parintins. No primeiro ano, 22 quadrilhas se apresentaram, sem a presença dos bois Caprichoso e Garantido.

Em 1966 os bois-bumbá foram convidados a participar do festival, e pela primeira vez ambos participaram juntos do festival. Nessa época, o critério estabelecido para definir o campeão foi o boi mais aplaudido pelos presentes. A partir de então, houve o acirramento da rivalidade entre os bois Garantido e Caprichoso.

No ano de 1975, a organização do Festival foi assumida pela Prefeitura de Parintins, mudando o local para o Centro Comunitário Esportivo. Com o tempo, o festival ganhou relevância nacional, passando a ser objeto de atenção da mídia e considerado atração turística de Parintins. Após a transmissão em rede de televisão nacional, profissionais que trabalhavam na festa passaram a ser contratados a partir da década de 2000 para trabalhar nos carnavais de Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo.

Bumbás de Parintins. Foto: Divulgação/Governo do Amazonas

História contada no Bumbódromo 

A história que guia toda a festividade é protagonizada por alguns personagens centrais: pai Francisco; mãe Catirina; figuras religiosas, representadas por um padre e/ou um pajé; o dono do Boi; o vaqueiro; e os índios. O enredo começa com um desejo de mãe Catirina, que estava grávida e queria comer a língua do Boi.

Pai Francisco, para satisfazer o desejo da esposa, mata o Boi favorito da filha dono da fazenda. Com medo de represálias, o casal foge mato a dentro, mas um dos vaqueiros os denunciam. O dono do Boi então ordena aos índios guerreiros que os capturem, com a benção do padre.

É aí que os índios pegam pai Francisco, para que seja castigado. Enquanto isso, o pajé tenta reanimar o Boi e recomenda que, para que ele viva, é preciso espirrar em sua cauda. Pai Francisco, então, espirra no bicho, que começa a se levantar. Todos se alegram e inicia-se a grande comemoração. 

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