Enawenê-nawê

 População vive em uma única aldeia e tem seu estilo de vida ameaçado pela poluição dos rios de sua terra.

Ritual na aldeia Matokodakwa, Terra Indígena Enawenê Nawê. Foto: Kristian Bengtson, 2003

Os indígenas da etnia Enawenê-nawê falam uma língua da família Aruak (família de línguas ameríndias da América do Sul) e vivem em uma única grande aldeia próxima ao rio Iquê, afluete do Juruena, no noroeste do Mato Grosso. Até o início da década de 1980 os Enawenê-nawê eram conhecidos como ‘Salumã’. Apenas em 1983, após algumas experiências de contato, os missionários jesuítas finalmente compreenderam que a autodenominação desses índios era ‘Enawenê-nawê’ e, desde então, este termo passou a ser usado para identificá-los.

A religião desta etnia é etrmamente rica, a cada ano iniciam um longo ritual destinado aos seres subterrâneos e celestes iakayreti e enore nawe, respectivamente. Durante este período os Enawene Nawe cantam, dançam e lhes oferecem comida, numa complexa troca de sal, mel e alimentos – sobretudo peixe e mandioca. Dessa forma, organizam o trabalho com o intuito de produzir alimentos para o consumo cotidiano e para serem oferecidos nos rituais.

Desde o início dos anos 2000, contudo, suas formas de produção e reprodução da vida social encontram-se fortemente ameaçadas. O projeto de construção de onze PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) nos arredores da TI Enawenê-Nawê, se concretizado, poderá afetar por completo a dinâmica ecológica do seu meio aquático, comprometendo diretamente a realização das cerimônias rituais, que são de suma importância para a vida dos Enawenê-nawê. Aliado a isso, encontram-se cercados por outras ameaças de invasão e de poluição dos rios e de suas terras, proporcionadas pelas atividades agropecuária, mineradora e pelo cultivo de soja no entorno de seu território.

As casas são feitas de troncos de várias grossuras amarrados com cipós e cobertas com palhas de buriti, com uma entrada de frente para o pátio e outra nos fundos. No interior das casas há uma área de circulação comum formada por um longo e largo corredor central que liga a duas entradas. Aí estão dispostos grandes jiraus (espécie de mesa alta feita de troncos finos espaçados entre si) sobre os quais se colocam bolos assados de milho, massas de mandioca para secar, entre outros alimentos.

Em cada casa moram diversas famílias ligadas entre si por relações de parentesco. Cada família composta de pai, mãe, filhas e filhos solteiros tem seu próprio fogo, suas redes próximas e um jirau onde guardam os seus pertences. Nestes agrupamentos, os homens são responsáveis pelo provimento de lenha, pela derrubada, queimada e plantio, enquanto as mulheres praticam a limpeza periódica das áreas cultivadas, a colheita e o processamento do alimento.

Além dos casais mais velhos, divisórias de esteiras marcam o espaço dos casais mais jovens. As filhas ficam perto dos pais e, portanto, são os jovens esposos que vão para o outro lado da casa ou para outra residência. É esta unidade – que agrega algumas famílias – a responsável por uma cozinha comunal e pelas roças de milho.

O interior das casas é muito agradável e cheio de atividades. Durante o dia, quando está quente do lado de fora, as casas protegem do calor. À noite elas são iluminadas com tochas de resina enrolada em folhas de pacova e são acesos os fogos de cada uma das famílias. 

* Com informações do Instituto Socioambiental 

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