Os animais foram nomeados como “cavalos lavradeiros” porque vivem no lavrado, nas extensas áreas de pastagens nativas em Roraima.
Durante o início do povoamento de Roraima, o comandante Lobo D’Almada começou a introduzir a pecuária de gado na região. Em 1789, cavalos vindos da Europa chegaram na região e alguns acabaram fugindo. Com o passar do tempo, esses cavalos que viviam livremente foram se reproduzindo e multiplicando. Como consequência se formaram manadas de cavalos lavradeiros, com cerca de 200 a 300 animais. Foram nomeados como “cavalos lavradeiros” porque vivem no lavrado, as extensas áreas de pastagens nativas.
Formando uma linhagem peculiar e adaptada ao ambiente, sempre que os animais encontravam os homens eles corriam. Sendo assim, ele não é considerado um animal selvagem, mas sim ‘asselvajado’. O cavalo lavradeiro tem a capacidade de percorrer grandes distâncias em velocidades de até 60 quilômetros por hora, alimentando-se apenas de ‘fura-bucho’, um capim de baixa qualidade nutricional.
Essa espécie apresenta um alto índice de anemia infecciosa, mas não demonstra os sintomas típicos da doença. Ao longo dos séculos, naturalmente foram eliminados os genes desfavoráveis e os especialistas justificam esse fenômeno como seleção natural, no qual os mais fortes e adaptados conseguem sobreviver. Por isso, o cavalo lavradeiro é caracterizado como veloz e com alta resistência física.
Conforme dados registrados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Roraima existem cerca de 35 mil equinos que ficam nas regiões de lavrado, como os municípios de Amajari, Normandia, Pacaraima e Uiramutã. No entanto, existe a estimativa de que somente 2 mil animais são originalmente lavradeiros, considerando seus padrões e características próprias.
O cavalo lavradeiro é um dos símbolos da história de Roraima, sendo inclusive homenageado em um poema feito pelo escritor roraimense Eliakin Rufino.
“eu sou cavalo selvagem
não sei o peso da sela
não tenho freio nos beiços
nem cabresto
nem marca de ferro quente
não tenho crina cortada
não sou bicho de curral
eu sou cavalo selvagem
meu pasto é o campo sem fim
para mim não existe cerca
sigo somente o capim”
trecho retirado do poema Cavalo Selvagem, de Eliakin Rufino.