Conheça a jararaca-do-norte: A cobra mais comum e mais emblemática da região amazônica

A jararaca-da-Amazônia é frequentemente citada em estudos científicos como a cobra mais comum da Amazônia. Mas pode ocorrer ocasionalmente em áreas urbanas, o que acaba gerando conflito entre esses animais e o seres-humanos.

A jararaca-da-norte, espécie Bothrops atrox, ocorre em praticamente toda a parte norte da Amárica do Sul, sendo amplamente distribuída em toda a Bacia Amazônia. Na Amazônia é frequentemente relatada em estudos científicos como a espécie mais comum e abundante no bioma amazônico, ocorrendo em áreas de floresta, embora possa ocasionalmente ser encontrada em ambientes perturbados pelos seres humanos, como em torno de assentamentos, incluindo pastagens e plantações e áreas urbanas.

As jararacas fazem parte de uma família de cobras peçonhentas chamada Viperidae. Chamamos as cobras de animais peçonhentos e não venenosos, pois existe uma diferença entre esses termos: Animais peçonhentos apresentam uma estrutura capaz de inocular o veneno, que no caso das cobras são dentes específicos; animais venenos não apresentam uma estrutura inoculadora de veneno.

Jararaca – Foto: Divulgação

 As cobras da família Viperidae, como as jararacas, além de dentes inoculadores de veneno, apresentam também dois orifícios entre a narina e os olhos, sendo este órgão específico de detecção de calor chamado de fosseta loreal, uma característica de cobras peçonhentas. Mas é importante lembrar: Todas as cobras que apresentam fosseta loreal são peçonhentas, mas nem todas cobras peçonhentas apresentam fosseta loreal (como é o caso das cobras-corais verdadeiras). Certo? 

As jararacas são animais considerados mais ativos no período noturno e frequentemente encontradas próximo à corpos d’água, como igarapés. O tamanho de uma jararaca adulta pode chegar até 2,1 metros, sendo que as fêmeas costumam ser maiores que os machos.

Os indivíduos adultos são frequentemente encontrados no chão enquanto que as jararacas mais jovens costumas ser encontradas em cima da vegetação. Isso provavelmente acontece porque as jararaquinhas jovens, apesar de serem peçonhentas, podem ser predadas por artrópodes terrestres, como por exemplo, aranhas caranguejeiras. Essa pressão de predação teria levado, ao longo dos anos, as jararacas jovens a procurarem lugares mais seguros, longe do chão, para ficarem.

(Foto: Luciana Frazão)

 Apesar de serem presas algumas vezes, as jararacas, na maior parte do tempo são predadoras e se alimentam de uma grande variedade presas: lacraias, peixes, sapos, lagartos, cobras, pássaros e pequenos mamíferos. Sendo que os indivíduos jovens costumas se alimentar principalmente de presas de “sangue-frio”, como sapos, e os adultos de presas de “sangue-quente”, como roedores. 

A alimentação de roedores ser inclusive um dos fatores pelos quais esses animais também ocorrem em áreas urbanas: Onde existem pessoas, existe lixo e entulho, que por sua vez atraem ratos, que atraem as jararacas, que encontram nessas áreas tudo que precisam, alimento (ratos) e abrigo (entulho). Por isso é importante manter o ambiente limpo, para assim evitar um acidente ofídico com essa espécie, principalmente se você mora próximo a fragmentos florestais.

 Por ser uma cobra peçonhenta, a jararaca-do-norte é considerada uma espécie de interesse médico, principalmente por ser a espécie de cobra responsável pela maior parte dos acidentes ofídicos na região amazônica. Isso significa que devemos sair matando jararacas por aí? Claro que não! Cobras são importantes para o equilíbrio ecológico da natureza, sendo responsáveis pelo controle de suas presas. Além disso, o veneno das cobras apresenta um grande potencial farmacológico, ou seja, estudando o veneno é possível descobrir compostos que podem ser (e já são!) utilizados em medicamentos. 

O remédio Captopril, por exemplo, utilizado para o controle de pressão, foi desenvolvido a partir do veneno de uma cobra do gênero Bothrops, o mesmo da jararaca-do-norte! Atualmente também é comercializado um adesivo cirúrgico, que substitui as suturas tradicionais, testado com sucesso para colar pele, nervos, e até mesmo na cicatrização de úlceras, como as causadas pela diabete. Só com esses medicamentos, as cobras já salvaram muitas vidas! Ou seja, tomando cuidado e mantendo o respeito, é possível conviver de forma harmoniosa com esses animais e investindo em ciência e pesquisa, podemos ainda gerar medicamentos que podem salvar vidas!

(Foto: Alexandre Almeida)

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre as jararacas e sobre como elas são importantes para o meio ambiente. Agora, quando encontrarem uma jararaca por aí, pensem em como elas podem salvar vidas! Mantendo uma distância segura e deixando o animal seguir o seu caminho, ou chamando o resgate especializado, tenho certeza que a chance de acidente com esses animais fica bem baixa. Então, nada de matar esses animais, certo? Abraços de sucuri pra vocês e até ao próximo animal da nossa exuberante Amazônia! 

O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(a) autor(a) e não reflete, necessariamente, a posição do Portal Amazônia.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Novo grupo de indígenas isolados no Amazonas está sem proteção há mais de um ano

Funai não publica portaria de restrição de uso nem monta base para monitorar isolados; empresa madeireira e de exploração de gás e óleo atuam na região.

Leia também

Publicidade