Conexões Selvagens: conheça como alguns animais amazônicos se comunicam e estabelecem laços afetivos

Hoje (13), no Dia do Beijo, nada melhor do que mergulhar no mundo incrível de cinco espécies de animais amazônicos.

Olá, entusiastas da natureza! Bem-vindos à Amazônia, o coração verde do nosso planeta, onde a vida pulsa em cada canto da floresta. Hoje, no Dia do Beijo, nada melhor do que mergulhar no mundo incrível de cinco espécies de animais amazônicos e descobrir como eles se comunicam e expressam cuidado de maneiras surpreendentes.

 Arara-azul

As araras-azuis acariciam com seus bicos e até mesmo compartilham alimentos uns com os outros para estabelecer laços sociais. Foto: Peter Schoen.

A arara-azul (espécie Anodorhynchus hyacinthinus), é conhecida por sua plumagem vibrante e sua vocalização estridente, sendo um ícone da Amazônia. São aves de grande porte, chegando a atingir mais de um metro de comprimento, medindo-se da ponta do bico à ponta da cauda. Elas se alimentam principalmente de frutas, sementes e oleaginosas encontradas na copa das árvores. As araras-azuis são aves sociais e são conhecidas por viverem em grupos familiares, formar casais e pela vocalização típica. Mas você sabia que essas aves também se comunicam através de gestos? Elas se acariciam com seus bicos e até mesmo compartilham alimentos uns com os outros. Além disso, elas vocalizam e gritam para se comunicar e fortalecer os laços do grupo. 

Macaco-aranha 

O ato de catar o outro é uma forma de estabelecer vínculo no caso do macaco-aranha. Foto: Sandra E. Smith Aguilar.

O macaco-aranha ou coatá (espécie Ateles sp.) são primatas ágeis e curiosos, que vivem em grupos sociais complexos. Os macacos-aranha são primatas de porte médio, com comprimento variando entre 40 a 60 centímetros, excluindo a cauda, que é muito longa e pode chegar a 90 centímetros. Eles são animais onívoros, se alimentando de uma variedade de alimentos, incluindo frutas, folhas, insetos e pequenos vertebrados. Vivem em grupos sociais complexos, onde estabelecem laços através de comportamentos como grooming, ou catação em português, onde um indivíduo realiza a limpeza de outro ao buscar ativamente por parasitas presos na pelagem. Essa atividade é importante não só para a higiene dos animais, mas também para fortalecer os vínculos sociais em um grupo. Estudos mostram que em muitas espécies de macacos, a catação diminui a frequência cardíaca, reduz os níveis de hormônios do estresse e libera substâncias químicas que geram bem-estar. Eles também participam de brincadeiras e jogos, o que fortalece os laços sociais dentro do grupo. Sua comunicação vai além dos gritos e vocalizações; eles também usam gestos, como abraços e carícias, para fortalecer os laços entre os membros do grupo. É um verdadeiro exemplo de afeto na selva. 

Boto-cor-de-rosa 

Os botos-cor-de-rosa estabelecem laços afetivos através de brincadeiras e interações lúdicas. Foto: Federico Mosquera / Fundação Omacha.

O golfinho do rio Amazonas, conhecido como boto-cor-de-rosa (espécie Inia geoffrensis) é o maior dos botos podendo chegar até 2,55 metros de comprimento e pesar até 207 kg. Os botos possuem um corpo que é bem robusto, mas extremamente flexível, o que aumenta a capacidade de manobra e permite que estes animais consigam se mover entre as árvores e a vegetação submersa para procurar alimento na floresta alagada, como no meio dos igapós. Os botos-cor-de-rosa são animais sociáveis que vivem em grupos familiares e tem uma forma única de se comunicar: através de sons melodiosos que ecoam debaixo d’água. Eles se comunicam através de vocalizações complexas, e estabelecem laços afetivos através de brincadeiras e interações lúdicas, especialmente entre mães e filhotes. Além disso, eles são conhecidos por protegerem uns aos outros de predadores e por colaborarem na caça. Debaixo da água têm muito afeto também! 

Jacaré-açu 

Jacaré-açu fêmea protegendo o seu ninho. Foto: Igor J. Roberto/Instituto Mamirauá.

O jacaré-açu (espécie Melanosuchus niger) é considerado a maior espécie do território brasileiro, sendo que seu comprimento pode chegar a até seis metros, e seu peso pode variar em torno dos 300 kg. Quando se trata em demonstrar cuidado e estreitar laços, as fêmeas dessa espécie apresentam comportamentos bem peculiares com os filhotes, mesmo antes desses nascerem. Ela fica vigiando o ninho por até 90 dias, período que os ovos levam para eclodir, e coloca para correr qualquer predador que ameace o ninho. Quando os filhotes de jacaré estão prestes a eclodir, eles emitem sons de chamado que podem ser ouvidos pela mãe área. Esses sons de chamado são uma forma de comunicação entre os filhotes e suas mães, permitindo que elas saibam quando é hora de ajudá-los a sair dos ovos e protegê-los. É quando elas carregam os filhotes na boca, isso geralmente ocorre por razões de segurança e proteção. As mães jacarés-açus têm o instinto de proteger seus filhotes desde o momento em que eles nascem. Carregar os filhotes na boca permite que as mães os movam para locais seguros, como áreas de água mais rasas ou esconderijos entre a vegetação, onde estão menos expostos a predadores. 

Ariranhas 

Ariranha (Pteronura brasiliensis) estabelecem laços fortes através de atividades de caça em grupo, onde trabalham juntas para capturar presas. Foto: Divulgação ICMBio.

A ariranha (espécie Pteronura brasiliensis) é considerada a maior lontra do mundo, podendo atingir até 1,8 metros de comprimento, excluindo a cauda. Elas têm uma pelagem densa e marrom escuro, com manchas brancas no peito. São animais carnívoros e se alimentam principalmente de peixes, mas também podem caçar aves, roedores, répteis e até mesmo jacarés. São excelentes nadadoras e caçadoras ágeis, conhecidas por suas vocalizações altas e distintas que são usadas para comunicação dentro do grupo. As ariranhas são animais sociais que vivem em grupos familiares cooperativos. Elas estabelecem laços fortes através de atividades de caça em grupo, onde trabalham juntas para capturar presas. Além disso, elas interagem e brincam entre si, demonstrando comportamentos de cuidado e proteção uns com os outros, especialmente com os filhotes, que carregam muitas vezes nas costas. 

É isso pessoal! Na Amazônia, a comunicação e o afeto entre os animais são tão diversos quanto a própria floresta. Essas criaturas incríveis nos lembram da importância de preservar não apenas a biodiversidade, mas também os laços de amor e conexão que existem entre todas as formas de vida. Abraços de sucuri para vocês, aproveitem muito o dia do beijo e até ao próximo texto com informações sobre a nossa exuberante fauna da amazônica!

Sobre a autora

Luciana Frazão é pesquisadora na Universidade de Coimbra (Portugal), onde atua em estudos relacionados as Reservas da Biosfera da UNESCO, doutora em Biodiversidade e Conservação (Universidade Federal do Amazonas) e mestre em zoologia (Universidade Federal do Pará).

*O conteúdo é de responsabilidade da colunista

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