O Agronegócio e o Amazonas

O Agronegócio tem sido posto como uma panaceia para o setor agrícola ou como a “força do setor rural”

O Agronegócio tem sido posto como uma panaceia para o setor agrícola ou como a “força do setor rural”. Vamos esclarecer algumas coisas para que possamos entender o alcance e os limites do agronegócio.

O conceito de agronegócio soma o conjunto de operações de produção, distribuição de suprimentos agrícolas assim como as operações na própria unidade de produção incluindo e o que vem depois. Ou seja, o armazenamento, o processamento e a distribuição dos produtos agrícolas e os itens que são produzidos com eles.

Nesse sentido é importante entender, por um lado, que faz parte do agronegócio toda a indústria de suprimentos agrícolas como as máquinas e equipamentos, fertilizantes, agrotóxicos, assistência técnica (IDAM), e por outro, a estocagem, a comercialização e até mesmo o atendimento ao consumidor final. Podemos dar como exemplo para essa ultima questão o caso do boicote do supermercado Sueco Paradiset em função da liberação de agrotóxicos de modo indiscriminado pelo ministério do meio ambiente. Entender essa definição é importante porque as estatísticas podem ou não incluir o conceito mais abrangente de agronegócio ou tratar de aspectos específicos.

O Cepea/Esalq USP em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estão já algum tempo medindo o conceito abrangente de agronegócio. A tabela abaixo mostra a participação relativa do agronegócio de acordo com a metodologia do Cepea.

O agronegócio é o resultado do desenvolvimento das cadeias produtivas. A FIA/USP – Pensa desenvolve estudos e promove seminários constantemente para aprimorar e desenvolver os elos de cadeias produtivas do agronegócio. Tememos como exemplo a Malva/Juta para o caso do Amazonas. É de domínio público que os produtores dependem de um suprimento adequado de sementes. Que o processamento da Juta/Malva é quase que inteiramente manual. Que as “relações contratuais” são frágeis e incertas. O município que mais se destaca na produção de Juta/Malva é Manacapurú.

Segundo os “Dados Estatísticos da Produção Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas: 2013”, resultado de uma parceria entre a Embrapa Ocidental e o IBGE, é o único produto agrícola com projeção nacional. No entanto, de um ponto de vista do conceito do Cepea de cadeias produtivas do agronegócio, a produção de Juta/Malva não faria parte do agronegócio. O estudo da Embrapa/IBGE, de fato, aponta que a produção agrícola é predominantemente familiar, voltada basicamente para o suprimento local.

Vejamos a tabela abaixo:

Os dados apresentados mostram que a produção de mandioca, de mesa e de farinha, chegou a quase 670 milhões de reais. Produtos extrativos como a Castanha do Brasil alcançaram 25 milhões e meio de reais em 2013. Não entre em questão os insumos, o processo de produção, armazenagem e comercialização de modo a denotar uma cadeia produtiva. Esses valores são referentes à produção agrícola e extrativa e não ao agronegócio.

Para que possamos ter um agronegócio próspero em nosso Estado é necessário desenvolver as cadeias produtivas agrícolas. Vários estudos já apontam, basta consultar os relatórios do Pensa, uma coordenação adequada em que compromissos de médio e longo prazos predominam sobre os interesses de curto prazo. Nesse sentido não importa muito se são entidades privadas ou públicas mas sim que o fluxo produtivo seja contínuo. Mas também não podemos ser ingênuos, o que está em jogo é o problema de ação coletiva, e portanto, uma questão de interesse público.

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