Projetos buscam restauração ecológica produtiva de áreas degradadas no Amazonas

Realizadas pelo Idesam e IPÊ, as duas iniciativas têm como meta restaurar 400 hectares na região de Manaus e Presidente Figueiredo por um período de quatro anos.

O Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus (AM), recebeu o Seminário Floresta Viva Amazonas no início de agosto para fomentar a restauração ecológica no estado. Dois projetos apoiados pelo Floresta Viva na região pretendem demonstrar as possibilidades de fazer com que a Amazônia siga desempenhando suas funções ecossistêmicas enquanto tem sua área degradada recuperada, gerando renda para as comunidades locais.

Realizadas pelo Idesam e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), essas duas iniciativas têm como meta restaurar 400 hectares na região de Manaus e Presidente Figueiredo por um período de quatro anos.

No projeto ‘Restauração Ecológica Produtiva: Promovendo uma Paisagem Sustentável na Amazônia’, parceria entre Idesam, projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF/INPA) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que é realizado em quatro unidades de conservação no entorno de Manaus, o compromisso é restaurar 200 hectares: 80 hectares com sistemas agroflorestais e 120 hectares com enriquecimento de capoeiras.

A iniciativa realizará capacitações para as populações tradicionais em práticas de restauração ecológica e no manejo dos sistemas agroflorestais. Para isso, pretende unir as forças dos integrantes da cadeia da restauração para que seja possível montar um modelo produtivo sustentável na região, desenvolver e fomentar os negócios ligados à restauração.

No mesmo âmbito, o projeto ‘Reflora – Recuperação Ecológica e Implantação de Sistemas Agroflorestais Multifuncionais’, do IPÊ, pretende contribuir, desde já, para a garantia da conservação da Amazônia e recuperação das áreas que foram degradadas já em um grau elevado. Concentrado dentro dos limites da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, em Manaus, o projeto pretende trabalhar de maneira integrada ao território, ou seja, provendo os recursos naturais que as comunidades locais necessitam.

“Para nós, é fundamental reunir pesquisadores, as instituições, o Estado e em especial as comunidades desses territórios, para que a gente consiga pensar uma estratégia coletiva, de fato. Que seja um processo em que todos os atores envolvidos no território consigam participar de uma restauração florestal completa em todas as esferas: ambiental, social e econômica”, afirma Gustavo Brichi, técnico-extensionista que integra a equipe do Floresta Viva Amazonas pelo IPÊ.

Atualmente, a Aliança pela Restauração na Amazônia, tem compartilhado experiências sobre a restauração ecológica produtiva e outras técnicas de restauração que podem ser empregadas na Amazônia. A Aliança é um coletivo biotemático com mais de 130 atores ligados à restauração e que estão distribuídos em vários estados da Amazônia Legal, cujo objetivo é discutir critérios, orientações e posicionamentos acerca dessa temática para a região.

Foto: Divulgação/Idesam

A Aliança desenvolveu um planejamento estratégico, olhando para 2025, que tem várias linhas de atuação e de atividades esperadas, mas a principal delas está muito ligada à geração de conhecimento, capacidades locais e à inserção nas políticas públicas e como se apresentam as soluções inovadoras para a restauração na Amazônia.

Em termos de metas gerais, a Aliança não é uma restauradora de áreas, mas um coletivo que congrega vários restauradores de áreas em várias regiões da Amazônia. E o objetivo disso é justamente fomentar as políticas públicas de maneira geral, gerar o conhecimento e aumentar as capacidades para alcançar ganho de escala de restauração em todo o bioma.

Para Marcelo Ferronato, da Aliança pela Restauração da Amazônia, um dos principais desafios para a restauração ecológica naquela região é a necessidade de ganhar escala para outras regiões. Para ele, hoje, algumas regiões conseguiram avançar mais, porém em termos de escala nas regiões que estão começando o desafio é sempre o mesmo: engajar as pessoas para restaurar mais áreas.

“Somos um coletivo muito importante que tem ganhado muita força e representatividade aqui na região. Esperamos desempenhar cada vez mais o papel de engajar pessoas e atores em outras localidades da Amazônia, que ainda não têm essa história da restauração ecológica tão fomentada assim. Os desafios da restauração ecológica são similares independente da região. Seja por conta do engajamento das pessoas, aspectos científicos, de conhecimento tradicional associado a isso tudo, das técnicas de restauração que podem ser utilizadas, bem como em aumentar nosso conhecimento acerca disso”, afirma ele.

A iniciativa Floresta Viva Amazonas recebe apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Eneva, empresa que atua na exploração e produção de gás natural e no fornecimento de soluções energéticas. A gestão administrativa é realizada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).

A iniciativa tem como objetivo alavancar investimentos para a restauração em diferentes biomas no Brasil. Em 2023 foi lançado um edital com foco em projetos de restauração no entorno de Manaus (AM). As propostas poderiam ser submetidas para 10 diferentes Unidades de Conservação e os projetos selecionados elencaram cinco dessas unidades de conservação. São elas: Poranga-conquista, APA tarumã-mirim, APA Sauim-de-Manaus, RDS do Tupé e RDS do Uatumã.

A experiência da organização com editais em todas as regiões indica que a diferença entre eles é o fornecimento de insumos necessários para as ações de restauração, sendo que os projetos apoiados são focados no fortalecimento da cadeia, que também é uma estratégia da iniciativa Floresta Viva. “Não queremos só mobilizar recursos para as ações de restauração em si, mas também para a cadeia da restauração, capacitando pessoas, novos atores e fomentando a distribuição de insumos necessários para as ações de restauração”, finaliza Rodolfo.

*Com informações do Idesam

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