Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica AM
Moradores da comunidade Bela Vista do Jaraqui, localizada a cerca de 40 km de Manaus (AM), receberam 30 mochilas-camelo que purificam água para consumo no dia 12 de novembro. A ação visa ajudar a população, que sofre com a severa estiagem na região, dificultando o acesso a água potável e alimentos.
O Amazonas vive a seca mais severa já registrada na história do estado. Segundo o boletim mais recente da Defesa Civil do Estado, divulgado na segunda-feira (11), são mais de 800 mil pessoas afetadas pelo fenômeno e prejuízos que já ultrapassam R$ 620 milhões em 2024. Todos os 62 municípios do estado seguem em estado de emergência.
Devido à estiagem, os moradores precisam caminhar por cerca de 30 minutos pela mata para chegar até a comunidade. Anteriormente, a área era inundada pelas águas do Rio Negro, o que permitia o acesso fácil da população local e visitantes.
Para ajudar a amenizar essas dificuldades, a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) realizou a entrega de mochilas-camelo, equipamentos para captação, tratamento e armazenamento de até 15 litros de água. Essas mochilas-camelo são compostas por uma mochila, um filtro portátil e um suporte de parede, e têm sido usadas por centenas de famílias no Brasil para garantir o acesso à água potável.
O kit facilita o processo, permitindo aos moradores captar, transportar, armazenar e filtrar a água, tornando-a adequada para consumo. Segundo a superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS, Valcleia Solidade, essa iniciativa busca proporcionar mais autonomia e qualidade de vida à comunidade, especialmente durante o período de estiagem.
“É uma mochila que trata a água, independente se é a água do rio barrento, como o Rio Solimões ou o próprio Rio Negro, e ela tem a capacidade não só de decantar, tirar o sedimento que tem, mas tratar a água também”, explicou Solidade.
A superintendente também reforçou que a medida visa garantir o bem-estar dos moradores da comunidade, uma vez que o acesso a água contaminada pode acarretar em doenças.
“A gente sabe que um dos maiores vetores problemas de saúde, ele vem através da água, diarreia, essas coisas todas, então, essa tecnologia é uma tecnologia que ela é um preço acessível e ela pode atender essa demanda que é das famílias que estão morando de forma isolada”, explicou.
O pescador Raimundo, presidente da associação dos moradores da comunidade, afirmou que a entrega das mochilas-camelo é fundamental para garantir que os moradores tenham acesso a água de qualidade durante o período de seca.
“As famílias estão isoladas nas comunidades e precisamos ter o cuidado com o tratamento das águas. Hoje, nossas águas não estão de qualidade, a água do rio não está de qualidade para beber. E hoje chega essa tecnologia, né, através da parceria da fundação com associações. E através também de parceiros, a gente recebe de bom grado e isso vai ser de grande utilidade para as famílias”, afirmou.
Para os moradores que vivem da pesca e enfrentam a longa caminhada mencionada no início da matéria, a mochila-camelo será um utensílio essencial. Ela permitirá que possam se manter hidratados com água filtrada, garantindo a saúde e o bem-estar durante suas atividades, como no caso do pescador Maurício Dejacir.
“Às vezes é muito complicado depois que seca o rio aí. É um sofrimento bacana aí pro cara passar, né? Mas a gente vai enfrentando. Agora eu vou levar a mochila e tratar a água em casa e beber água”, finalizou o pescador.
*Por Patrick Marques, da Rede Amazônica AM