Com raízes e plantas regionais, artista produz corantes naturais para tingir tecidos e reduzir impacto ambiental

Uma pesquisa que já dura mais 10 anos agora entra em mais uma fase de divulgação. A artista plástica Rosilene Nobre começou a pesquisa em 2009.

O projeto Retalhos em Cores, financiado pela lei Aldir Blanc, vai expor os detalhes do processo de tingimento natural estudado pela artista visual Rosilene Nobre. Com uso de raízes, plantas e matéria-prima regional, ela começou a produzir corantes 100% naturais que são usados para tingir tecidos. Agora, nessa nova fase, os vídeos desse processo vão estar disponíveis em um canal no Youtube.

A artista conta que começou a se interessar pelo processo de tingimento natural ainda em 2009 durante a faculdade de artes visuais. Foi então que se dedicou à investigação de manufatura de anilinas e giz naturais.

Uso do corante natural reduz impacto ambiental, segundo a artista — Foto: Hannah Lydia/Arquivo pessoal

O primeiro resultado dessa pesquisa foi apresentado ao público em 2016 com a exposição Amazônia: cor, forma e substância. A mostra trazia tinha 30 aquarelas em papel criadas com anilinas e giz pastel feito de barro e aglutinantes, além de expor uma grande variedade de extratos de raízes, sementes, cascas e folhas.

Já nessa nova fase do estudo, Rosilene produziu o projeto “Retalhos em Cores”, experimentando pigmentações orgânicas em tecidos de algodão, mesclando técnicas já conhecidas com novas combinações e mordentes.

“Desenvolvi alguns fixadores para esse tipo de tecido, são tingimentos e a ideia é mostrar nesses vídeos as etapas do projeto de extração dos pigmentos e depois a fixação deles, por meio de cocção, que é o cozimento, e infusão com outros pigmentadores”, conta.

Além disso, a artista também está lançando um álbum que cataloga todas as plantas usadas para fazer os corantes.

“Esse álbum traz o mapeamento das plantas e como ela foi utilizada para fazer o tingimento e a impressão no próprio tecido”, destaca.

Artista estuda pigmentação natural desde 2009 — Foto: Hannah Lydia/Arquivo pessoal

Rosilene destaca ainda que o processo de tingimento usando material orgânico não é nada novo, porém, diz que o projeto é uma forma de deixar a técnica mais evidente, além de ser uma forma de compartilhar o conhecimento.

“Povos experimentaram diversos tipos de matérias primas naturais para tingimento têxtil com a utilização de flores, sementes, raízes, cascas e minerais, dando cor e vida aos tecidos. Muito desse conhecimento tradicional ficou esquecido e superado, com o surgimento dos corantes sintéticos, por estes serem mais práticos, apesar de altamente impactantes ao meio ambiente. E é justamente este impacto que incomoda e, ao mesmo tempo, motiva”, destaca.

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O projeto contou com 44 alunos, que aprenderam desde a concepção de ideias e roteiros até a produção, captação e edição de vídeos, utilizando apenas celulares.

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