“Clube da Madrugada foi a maior manifestação cultural de Manaus”, afirma escritor amazonense

O Clube da Madrugada surgiu em um momento de estagnação econômica, quando jovens que possuíam o mesmo interesse decidiram realizar encontros para debater literatura, artes plásticas e música na capital amazonense. 

A cultura amazonense é rica e cheia de história para contar. Uma delas é a criação do ‘Clube de Madrugada’, um movimento artístico que reunia jovens intelectuais de Manaus. A fundação do clube aconteceu nas primeiras horas do dia 22 de novembro de 1954 e se tornou um marco da cultura local.

De acordo com o escritor amazonense Zemaria Pinto, o Clube da Madrugada surgiu em um momento de estagnação econômica, quando jovens, que possuíam o mesmo interesse, decidiram dar um basta no marasmo, questionando não apenas a literatura, mas também as artes plásticas, a filosofia, a tecnologia e a sociologia.

Membros do Clube da Madrugada. Foto: Reprodução/
Manaus – ontem, hoje e sempre

A primeira reunião oficial do Clube da Madrugada aconteceu debaixo do “velho mulateiro”, quase em frente ao portão do quartel da Polícia Militar, na praça da Escola Dom Pedro II. Entre os membros do clube estavam os professores Saul Benchimol, Francisco Batista e Teodoro Botinelly, o psicólogo João Bosco Araújo, o jornalista Fernando Collyer, entre outros.

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“A criação do Clube da Madrugada é uma consequência de diversos fatores de ordem política e econômica. Os jovens não possuíam uma perspectiva de futuro, então, alguns decidiram se encontrar para conversar e debater sobre diferentes assuntos. Um dos principais tópicos eram os livros, considerados uma das maiores diversões da época”, 

explicou o escritor ao Portal Amazônia.

Foto: Reprodução/
Manaus – ontem, hoje e sempre

Agregando novas formas de pensar 

Aos poucos, outros temas, como artes plásticas, música, filmes e sociologia, foram agregados aos debates. O Clube da Madrugada contou com três gerações distintas (anos 50, 60 e 70). “A primeira ação do Clube foi fazer um manifesto contra o governo. Eram jovens decepcionados e que queriam fazer uma revolução”, lembra Zemaria.

Em 1956, o Clube lançou o primeiro livro, uma antologia produzida pelo jornalista e poeta Jorge Tufic, que reunia obras dos principais nomes da poesia amazonense da época. Além da literatura, eles faziam exposições em lugares abertos, como a Ponta Negra e as praças mais movimentadas da cidade.

“Eu costumo dizer que existe o antes e depois do Clube de Madrugada. O manifesto foi feito por uma geração excepcional de artistas e escritores. Essas pessoas vão permanecer no imaginário da população por muito tempo. Inclusive, a Universidade Federal do Amazonas e a Universidade do Estado do Amazonas estão fazendo leituras críticas dos artistas da época. O objetivo é criar um cânone da literatura local”, 

disse Zemaria.

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