Acidente inevitável: a colisão entre as embarcações ‘Boa Viagem’ e ‘Avelino Alves’ no Amazonas

O relatório preliminar apontou a baixa visibilidade e as condições climáticas adversas como fatores determinantes para o acidente entre as embarcações. O documento também destacou que não houve falha mecânica em nenhuma das embarcações.

Imagem gerada por IA

Um grave acidente fluvial entre duas embarcações registrado no Amazonas em março de 1982 resultou em vítimas e prejuízos materiais. O choque foi entre a balsa ‘Boa Viagem’ e o navio-motor ‘Avelino Alves’. O caso ocorreu no rio Amazonas, nas proximidades do Encontro das Águas, durante uma noite de forte chuva e visibilidade prejudicada.

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Relatos da época contam que a embarcação ‘Boa Viagem’, de propriedade de um empresário de Manaus, estava carregada de produtos e seguia viagem em meio ao mau tempo quando colidiu com o navio-motor que fazia o percurso em sentido oposto. A força do impacto provocou pânico entre tripulantes e passageiros.

O acidente aconteceu por volta das 21h do dia 26 de março. O rio apresentava correnteza forte e ondas provocadas pelos ventos. A chuva intensa reduzia a visibilidade, dificultando a navegação. Essas condições contribuíram para que as embarcações se aproximassem demais, culminando na colisão.

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No momento do impacto, 13 pessoas estavam a bordo da balsa, entre tripulantes e passageiros. Testemunhas relataram que muitos foram lançados ao chão e alguns sofreram ferimentos leves. O comandante do ‘Avelino Alves’, identificado como Alfredo Guilherme, declarou que tentou manobrar o navio para evitar o choque, mas não conseguiu devido à curta distância entre as embarcações.

O episódio envolvendo a balsa e o navio-motor entrou para os registros das ‘Histórias, Costumes e Tragédias dos Barcos do Amazonas’, obra de Moacir Andrade, que documentou em detalhes a rotina, os riscos e os desafios enfrentados pelos navegadores da região.

O acidente de 1982 é lembrado como um dos casos que evidenciaram a vulnerabilidade das embarcações diante das condições extremas de tempo.

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Moacir de Andrade, autor da obras ‘Histórias, Costumes e Tragédias dos Barcos do Amazonas’.Foto: Divulgação

Resgate nas embarcações e atendimento aos feridos

Após a colisão, o comandante do navio ordenou o desligamento dos motores e iniciou o atendimento às vítimas. Pessoas que estavam próximas ao convés relataram momentos de desespero, gritos e orações, enquanto a tripulação tentava manter a calma e evitar o afundamento.

Segundo os relatos, a prioridade foi resgatar os feridos e garantir a segurança de quem estava em maior risco. O socorro foi prestado ainda sobre as embarcações, e as vítimas com ferimentos mais graves foram levadas até Manaus, onde receberam atendimento médico.

O barqueiro responsável pela ‘Boa Viagem’ explicou posteriormente que o mau tempo e a falta de visibilidade foram fatores decisivos para o acidente. Ele afirmou que as luzes de navegação estavam acesas, mas a chuva forte impediu que fossem vistas a tempo pelo navio-motor.

Testemunhas informaram que o impacto deixou a lateral da balsa danificada, mas a embarcação não chegou a naufragar. O navio ‘Avelino Alves’ sofreu danos na proa, porém manteve a estabilidade após o choque.

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Investigação e consequências do acidente

A Capitania dos Portos do Amazonas instaurou inquérito para apurar as causas do acidente e determinar as responsabilidades. A investigação teve como base depoimentos de tripulantes, laudos técnicos e o registro do diário de bordo das embarcações.

Durante as oitivas, o comandante do navio-motor confirmou que seguia em velocidade reduzida devido à chuva, mas que não percebeu a aproximação da balsa até o momento da colisão. Já o responsável pela ‘Boa Viagem’ declarou que navegava em área permitida e dentro dos padrões de segurança exigidos.

O relatório preliminar apontou a baixa visibilidade e as condições climáticas adversas como fatores determinantes para o acidente. O documento também destacou que não houve falha mecânica em nenhuma das embarcações.

Após o choque, ambas as tripulações receberam autorização para atracar em Manaus, onde passaram por nova inspeção técnica. A Capitania reforçou, posteriormente, a necessidade de atenção redobrada durante a navegação noturna em períodos de chuva intensa, comum nos rios da Amazônia.

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