Projeto usa drones para proteger terras indígenas no Tumucumaque, no Amapá. Foto: Glauber Tiriyó/Acervo pessoal
Um projeto criado pelo estudante de direito Glauber Tiriyó, da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), está levando o uso de drones para comunidades indígenas no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. A iniciativa busca reforçar a vigilância do território com apoio da tecnologia e já foi reconhecida em premiações nacionais.
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Chamado de Tarëno Enu — que significa “olho do indígena” na língua Tiriyó — o projeto une o conhecimento tradicional dos mais velhos com a habilidade dos jovens em operar equipamentos modernos. A proposta é preservar a floresta e garantir a segurança das comunidades que vivem na região.
Glauber, que é indígena do povo Tiriyó, iniciou o projeto em 2023 com um curso de operação de drones. Quinze indígenas participaram da primeira turma. Segundo ele, a ideia é valorizar o modo como os mais antigos faziam a vigilância a pé, conectando esse saber com a tecnologia.
“A gente garante a dignidade dos idosos e dos jovens. Os mais velhos conhecem os caminhos da floresta, e os jovens trazem a inovação”, explicou Glauber.
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Por enquanto, a ação foi realizada apenas uma vez, devido ao alto custo dos equipamentos. O estudante também pretende criar um curso de formação de guarda-parques voltado exclusivamente para indígenas.
Mesmo com recursos limitados, o projeto já foi finalista do Prêmio Chico Vive e do Bioma Amazônia. Glauber chegou a apresentar a proposta ao ator Bruno Gagliasso, um dos idealizadores do prêmio.
“Fiquei muito feliz por ter sido finalista. Apresentei o projeto e convidei o Bruno para conhecer o processo de formação dos guarda-parques indígenas”, contou.
O Tarëno Enu também está entre os finalistas do Prêmio Na Prática: Protagonismo Universitário, que reconhece estudantes com impacto social e resultados acadêmicos e profissionais. A premiação acontece na próxima segunda-feira (3), em São Paulo.

Parque Tumucumaque
O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é a maior unidade de conservação de proteção integral do Brasil.
Criado em 2002, ele ocupa mais de 3,8 milhões de hectares nos estados do Amapá e Pará, abrangendo municípios como Almeirim, Calçoene, Laranjal do Jari, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio.
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A área preserva uma das regiões mais remotas da Amazônia, com rica biodiversidade, trilhas, corredeiras e cachoeiras. O parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e recebe visitantes mediante autorização prévia.
*Por Luan Coutinho, da Rede Amazônica AP
