Nomeado como Solaropsis caperata, o caracol foi caracterizado pela aparência enrugada da concha, que apresenta uma coloração e formatos diferentes dos tradicionais vistos em espécies já identificadas pela ciência.
Pesquisadores do Instituto Chico Mendes da Preservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Universidade de São Paulo (USP) descobriram uma nova espécie rara de caracol no município de Laranjal do Jari, extremo sul do Amapá. O animal do gênero Solaropsis foi encontrado na Reserva Extrativista do Rio Cajari durante uma vistoria na região.
Em 2015, os cientistas realizavam expedição em um trecho da BR-156 e identificaram o animal às margens da estrada, com parte da concha coberta pela terra. Mas as especificações e a catalogação do animal só foram finalizadas em 2021, já que é necessário um estudo aprofundado sobre a espécie. O estudo foi publicado este ano na revista científica britânica Journal of Natural History.
“Estava fazendo anotações e literalmente ‘chutando terra’ quando apareceu uma concha semi-enterrada lá. No primeiro momento, achei uma coisa meio esquisita, mas peguei para levar e ver o que era”,
explica Raimundo Nonato Gomes, analista ambiental do ICMBio e responsável pela descoberta da nova espécie.
Nomeado como Solaropsis caperata, o caracol foi caracterizado pela aparência enrugada da concha, que apresenta uma coloração e formatos diferentes dos tradicionais vistos em espécies já identificadas pela ciência.
O primeiro passo após a descoberta de uma possível nova espécie é a comparação anatômica com registros anteriores, além da consulta aos materiais bibliográficos.
No caso dos moluscos, essa etapa é feita levando em consideração a aparência da concha, tamanho e quantidade de ranhuras na superfície, além da altura, que são cruzadas com as informações de outras espécies da natureza que já foram catalogadas.
Foi então que os pesquisadores notaram que de fato a espécie encontrada não era compatível com as que já existiam.
Segundo Nonato, a espécie é nativa de áreas de mata fechada, úmidas, com presença de árvores e troncos caídos, muito associadas às florestas de castanhais, característica da região sul do Amapá.
“Fui chutando terra e simplesmente achei um bicho novo! Isso é surreal. Isso mostra como conhecemos pouco a nossa própria biodiversidade, até porque é bem raro identificar animais desse gênero com as partes completas, como foi o nosso caso”,
relembrou o cientista.
A pesquisa também teve o apoio da malacologista Fernanda Silva, que também participou da catalogação da nova espécie. A malacologia é a parte da biologia que pesquisa os moluscos de acordo com as características fisiológicas.